Estão a decorrer negociações entre o ME e representantes dos professores com uma agenda bem pesada e com negociações que não serão fáceis quando se discutem modelos de colocação e recrutamento. Estarão ainda de fora outras questões centrais como modelo de carreira e avaliação para além do estatuto salarial.
Independentemente das opções que estarão em cima da mesa, incluindo o alargamento da autonomia das escolas, julgo que será imprescindível acautelar dimensões como transparência, regulação, escrutínio
e justiça. São por demais os exemplos das portas que se abrem com decisões e
procedimentos dificilmente aceitáveis à luz destes critérios.
Parece-me ainda essencial que a discussão tenha também como
eixo crítico a estabilidade, a estabilidade das escolas e do seu corpo docente
e, naturalmente, a estabilidade dos professores.
São muitos, demasiados, os professores que ao longo de
muitos anos vão percorrendo o país em busca de alguma estabilidade
profissional.
Esta instabilidade é vivida com custos severos do ponto de
vista económico, muitos docentes mantêm duas residências, familiares, separação
forçada de filhos e cônjuges e até, do meu ponto de vista, emocional com
potenciais riscos no bem-estar e desempenho profissional. Esta é, seguramente,
uma das razões para a baixa atractividade da profissão docente.
Este cenário releva, obviamente, de medidas de política
educativa com erros de décadas e outros mais actuais. Por outro lado, o modelo
de gestão da colocação de professores carece de óbvia alteração,
designadamente, caminhando numa perspectiva de descentralização que acompanhe a
necessária e regulada autonomia das escolas e promova estabilidade.
Muitos professores, alguns com muitos anos de experiência,
vivem vidas adiadas, sem estabilidade, mantendo a dependência familiar ou
adiando a vida familiar própria.
Parece também adiada a esperança e a confiança num futuro
melhor.
Será que vamos desperdiçar, mais uma oportunidade?
A história não vos absolverá.
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