Há dias coloquei aqui um texto a propósito de uma referência
ao meu neto grande, o Simão, prestes a começar o 2º ano numa escola pública, que
quando passámos junto da escola me disse, “tenho tantas saudades da minha
escola”. E é verdade, eu sei que tem, a
generalidade dos miúdos terá, é lá o seu mundo nestas idades e a escola em
casa, para ele e para muitos, não foi uma experiência muito positiva.
Como também aqui referi, com regularidade e quando falamos
de escola ele pergunta se vai haver escola da outra ou ainda é a do ipad. O Simão foi
dos miúdos para quem a escola ficou mesmo a distância não gostou, não quer e
insiste que a “outra” escola é que é a que ele gosta. E nós percebemos que
assim seja e por que razões assim é. Sem nenhuma certeza vamos conversando tendo
como cenário a ideia de que em Setembro não terá a escola do ipad “com links”
que ele odeia, mas a da sala de aula com a Professora e Colegas que ele
adora.
Aliás e como seria previsível no 1º ciclo, dados de um trabalho hoje divulgado realizado pela DECO junto de pais e encarregados de educação sugerem, entre outros
indicadores a ter em conta, que, de acordo com os pais, 84% dos miúdos terão
sentido saudades da escola e 91% terão manifestado saudades dos colegas.
É ainda de considerar que os pais referiram como particular
aspecto negativo as dificuldades nos apoios a alunos com necessidades
especiais.
Apesar das dificuldades expressas os pais manifestaram reconhecimento
pelo trabalho desenvolvido pelos professores.
Mais uma vez se acentua a necessidade de que dentro dos limites
e num quadro de riscos tão controlados quanto possível, não existe risco zero,
tenhamos aulas presenciais em Setembro, sobretudo no 1.º e 2.º ciclo e envolvendo
os alunos com necessidades específicos com níveis de autonomia e literacias bem
menores a situação é verdadeiramente preocupante.
Estamos a poucas semanas do início das aulas e as dúvidas e
receios de professores e pais são muitas para além da imprevisibilidade da
situação de saúde pública teremos pela frente.
No entanto e como escrevi, as certezas são mais evidentes.
Sem mais recursos, digitais e humanos, mas suficientes e colocados nas escolas
em tempo oportuno, só o esforço gigantesco que foi realizado no final do ano
lectivo para criar a resposta de emergência e que merece sempre reconhecimento,
não vai chegar para conduzir esta geração de alunos, sobretudo os mais novos e
os alunos com necessidades específicas, num percurso educativo de qualidade e
tão bem-sucedido quanto possível.
Nos últimos dias tem sido divulgada alguma apreensão
relativamente a recursos humanos, técnicos e auxiliares, mas também de docentes
apesar da colocação mais cedo. É ainda pública a inquietação com a
disponibilização de recursos informáticos e de acessibilidade a alunos e
escolas.
Como tenho afirmado, depois do ano lectivo mais estranho na
vida dos alunos teremos o ano lectivo mais importante, não podemos falhar.
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