Dado o inexorável movimento dos
dias cumpro hoje mais um marco de uma estrada que já vai longa. No ano passado
passei a integrar a tribo dos “seniores” ou dos “idosos”. Este ano já integro também
a tribo dos “reformados”. Vou ter que me habituar.
No entanto e como habitualmente afirmo,
prefiro recordar que na minha terra era costume, creio que ainda é muito
frequente em Portugal, referir que quando se celebra um aniversário, se é
"pequeno". Assim sendo, hoje sou "pequeno", coisa que não é
nada fácil imaginar e muito menos conseguir, mas é mais amigável que “idoso” ou
“ e “reformado”.
Embalado por essa ideia
lembrei-me de quando era mesmo pequeno, tentação que parece inevitável cada vez
que ficamos mais velhos. Lembrei-me de como brincava, ao que brincava e com
quem brincava, quase sempre na rua. Ainda há dias falava destas brincadeiras
com os meus netos e o Simão, do alto dos seus sete anos neste tempo mostrava
dificuldade e estranheza face às brincadeiras e aos materiais que tínhamos para
brincar. Não eram fáceis aqueles tempos.
Depois lembrei-me de como
brincava com o meu filho, quando ele era pequeno, grandes viagens em grandes
brincadeiras.
Agora brinco com os meus netos,
são eles os pequenos. Muito a gente se diverte. E havemos de nos divertir ainda
mais a brincar, é já daqui a pouco, estão cá no Monte e temos muitos “projecto”
e “sistemas” para ir fazer. Palavra de avô.
A este propósito e como já vos
tenho dito e, certamente, alguns estranharão, acho que por estes dias os miúdos
brincam pouco. Não estou falar dos dias da pandemia, são atípicos e esperamos muito o seu fim.
Eu sei que os tempos são
diferentes e os estilos de vida mudaram significativamente. No entanto, não me
parece que sejam razões suficientes. A questão é, creio, de outra natureza.
As brincadeiras já não
brincadeiras, passaram a chamar-se actividades. E os miúdos têm muito pouco
tempo para brincar, é quase todo destinado a actividades, muitas actividades,
que, dizem, são fantásticas, fazem bem a tudo e mais alguma coisa, promovem
competências extraordinárias e é preciso ser excelente.
Deixem os miúdos brincar,
faz-lhes bem, é mesmo a coisa mais séria que fazem e, como sabem, é importante
lidar desde pequeno com coisas sérias.
Acho que hoje nas brincadeiras com
os meus netos ainda nos vamos divertir mais. É que hoje … hoje sou pequeno,
ainda melhor nos entendemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário