segunda-feira, 24 de agosto de 2020

NOTÍCIAS DA EDUCAÇÃO

 

Na imprensa de hoje duas notas relativas a matérias do mundo da educação que merecem referência por razões diferentes, o aumento significativo de alunos candidatos ao ensino superior e as preocupações das direcções de escolas e agrupamentos com a insuficiência e qualidade dos recursos digitais para alunos e escolas.

Conforme já se antecipava pelo volume de candidaturas na primeira semana e segundo dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior candidataram-se 62 675 estudantes na 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público. Trata-se do número mais alto desde 1996 e significa mais 11 384 alunos que em 2019.

Se forem consideradas todos os mecanismos de acesso e incluindo o ensino privado o MCTES estima que tenhamos cerca de 90 000 alunos no ensino superior no próximo ano lectivo.

Importa agora que tenhamos condições e recursos para minimizar o risco de abandono dados os custo elevados para estudantes e famílias que o ensino superior implica e que se agravaram, designadamente na situação de estudantes deslocados.

Este aumento é na verdade uma boa notícia, a qualificação é um bem de primeira necessidade e a grande ferramenta de construção de projectos de vida bem-sucedidos.

Como há dias escrevia, é fundamental insistir em que não temos licenciados ou qualificação a mais, temos desenvolvimento a menos e daí alguma dificuldade na absorção de mão-de-obra qualificada. Continuamos a ter necessidade de reflectir sobre a rede e a oferta de qualificação, corrigindo assimetrias e ajustando a oferta não só em função da empregabilidade, mas não esquecendo o papel do ensino superior e da investigação na promoção do desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento.

Uma segunda referência para a notícia do DN relativa à preocupação dos directores de escolas e agrupamentos face aos prometidos equipamentos informáticos para alunos e escolas, bem como a melhoria dos recursos de acessibilidade.

Sabe-se que o Programa de Estabilização Económica e Social prevê uma dotação de 400 milhões de euros destinados à aquisição de computadores e ligação à Internet para as escolas públicas, a incrementar a transição digital como lhe chamam.

Foi ainda divulgado que a iniciativa Escola Digital, para além da compra de computadores e de serviços de ligação à internet para escolas e alunos, tem ainda como objectivos desenvolver a “capacitação digital dos docentes” e a desmaterialização dos manuais escolares.

Numa primeira fase serão os alunos abrangidos pela Acção Social Escolar.

Numa altura em que as incertezas sobre como se iniciará o próximo ano lectivo, cujo arranque está a menos um mês, são muitas as escolas preparam a possibilidade de recorrer mesmo que parcialmente a ensino não presencial pelo que a aposta em recursos digitais vai no caminho certo.

Não possuo dados que me permitam a avaliar da suficiência da verba, mas considerando que se destina à aquisição de equipamentos e dispositivos de acesso à net para milhares de alunos e, certamente dezenas ou centenas de escolas, à promoção da “capacitação digital dos docentes” e a ainda à desmaterialização dos manuais, me pareça claramente aquém das necessidades para resposta imediata aos milhares de alunos que ficaram mais distantes das escolas no ano lectivo que agora termina.

A desejada e promovida “Escola Digital” exige recursos e em tempo oportuno sob pena de se alimentar desigualdade e risco de exclusão.

Mas ainda falta “imenso tempo” até ao regresso às aulas, não precisamos de ter pressa que, como sabem, é inimiga da perfeição.

Resta esperar que a pandemia nos seja leve.

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