sábado, 22 de agosto de 2020

A MÁSCARA

 

A propósito das máscaras do nosso descontentamento.

Era uma vez um homem, chamava-se Feliz. Não havia hora ou circunstância em que não tivesse um sorriso no rosto. Mostrava, invariavelmente, um ar de boa disposição. Tornou-se extremamente popular entre as pessoas.

Por vezes, quem o conhecia melhor julgava perceber uma sombra de tristeza no olhar. Mas era coisa que rapidamente desaparecia e não chegava para tirar o sorriso da cara do Feliz.

É certo que de quando em quando algumas pessoas se sentiam incomodadas com aquele ar de permanente felicidade que lhes lembrava, por oposição, os seus momentos de tristeza. Mas a tudo, o Feliz parecia imune e mantinha-se sempre com o seu imperturbável sorriso nos lábios.

Um dia deixou de aparecer sem que alguém soubesse o motivo. Uma das pessoas, sabendo onde ele morava, tentou saber notícias.

Um vizinho informou. Tinham assaltado o Feliz e roubaram-lhe as máscaras.

Desde então, recusa-se a sair de casa. Não sabe como encarar o mundo.

Na verdade, a máscara sempre foi um adereço essencial para encarar o mundo, agora por razões acrescidas.

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