A propósito das máscaras do nosso
descontentamento.
Era uma vez um homem, chamava-se
Feliz. Não havia hora ou circunstância em que não tivesse um sorriso no rosto.
Mostrava, invariavelmente, um ar de boa disposição. Tornou-se extremamente
popular entre as pessoas.
Por vezes, quem o conhecia melhor
julgava perceber uma sombra de tristeza no olhar. Mas era coisa que rapidamente
desaparecia e não chegava para tirar o sorriso da cara do Feliz.
É certo que de quando em quando
algumas pessoas se sentiam incomodadas com aquele ar de permanente felicidade
que lhes lembrava, por oposição, os seus momentos de tristeza. Mas a tudo, o
Feliz parecia imune e mantinha-se sempre com o seu imperturbável sorriso nos
lábios.
Um dia deixou de aparecer sem que
alguém soubesse o motivo. Uma das pessoas, sabendo onde ele morava, tentou
saber notícias.
Um vizinho informou. Tinham
assaltado o Feliz e roubaram-lhe as máscaras.
Desde então, recusa-se a sair de
casa. Não sabe como encarar o mundo.
Na verdade, a máscara sempre foi
um adereço essencial para encarar o mundo, agora por razões acrescidas.
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