Em linha com múltiplos estudos que tem desenvolvido no âmbito da saúde e desenvolvimento dos mais novos, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto divulgou recentemente dois novos trabalhos com indicadores que merecem séria atenção ainda que não sejam surpreendentes. As crianças que nascem e vivem em agregados familiares de baixo nível de escolaridade e contextos sociais e económicos mais vulneráveis quando atingem os sete e os dez anos evidenciam alterações de natureza biológica com indicadores de saúde mais fragilizadas potenciando o desenvolvimento posterior de doenças e natureza diversa.
Como disse, os dados não são surpreendentes
mas são muito importantes.
Está estudada e reconhecida de há
muito a associação fortíssima entre o investimento em educação, conhecimento e
investigação e o desenvolvimento das comunidades, seja por via directa,
qualificação e produção de conhecimento, seja por via indirecta, condições
económicas, qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.
No entanto, ainda há um longo
caminho a percorrer.
A escola, no seu sentido
genérico, não tem responsabilidade directa por décadas de políticas
urbanísticas, sociais, educativas, económicas que produzem exclusão e pobreza.
A escola, no seu sentido
genérico, não tem responsabilidade directa na manutenção de estereótipos,
preconceitos ou representações sociais sobre pessoas ou grupos.
No entanto, é pela escola que
também passam as consequências deste cenário e as alterações positivas que
desejamos que aconteçam.
Assim, não sendo por milagre, não
sendo por acaso, não sendo por mistério, com recursos e visão a escola, cada
escola, pode e deve fazer a diferença e contrariar o risco de insucesso e
piores condições de vida que afectam sobretudo as crianças nascidas no lado
menos confortável da vida.
Apesar de todas as dificuldades
são possíveis trajectórias mais positivas e para mais cidadãos se as políticas
públicas forem no seu conjunto mais adequadas e apontando mais nas pessoas e na
qualidade de vida e menos em mercados desregulados que sustentam pobreza e
exclusão.
Neste quadro e do meu ponto de
vista, tantas vezes aqui afirmado, a questão central será a valorização da
escola pública. Esta valorização deverá assentar em quatro eixos fundamentais,
a qualidade considerando resultados, processos, autonomia e gestão optimizada
de recursos, segundo eixo, qualidade para todos, a melhor forma de combater os
mecanismos de exclusão e a desigualdade de entrada, terceiro eixo,
diferenciação de metodologias, diferenciação progressiva e não prematura dos
percursos de educação e formação e, quarto eixo, dispositivos de apoio
oportunos suficientes e competentes às dificuldades de alunos e professores.
A Educação, o Conhecimento, a
Formação são ferramentas de construção e distribuição de riqueza e bem-estar em
múltiplas dimensões, incluindo a saúde.
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