sábado, 8 de agosto de 2020

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

 

Em linha com múltiplos estudos que tem desenvolvido no âmbito da saúde e desenvolvimento dos mais novos, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto divulgou recentemente dois novos trabalhos com indicadores que merecem séria atenção ainda que não sejam surpreendentes. As crianças que nascem e vivem em agregados familiares de baixo nível de escolaridade e contextos sociais e económicos mais vulneráveis quando atingem os sete e os dez anos evidenciam alterações de natureza biológica com indicadores de saúde mais fragilizadas potenciando o desenvolvimento posterior de doenças e natureza diversa.

Como disse, os dados não são surpreendentes mas são muito importantes.

Está estudada e reconhecida de há muito a associação fortíssima entre o investimento em educação, conhecimento e investigação e o desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.

No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer.

A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade directa por décadas de políticas urbanísticas, sociais, educativas, económicas que produzem exclusão e pobreza.

A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade directa na manutenção de estereótipos, preconceitos ou representações sociais sobre pessoas ou grupos.

No entanto, é pela escola que também passam as consequências deste cenário e as alterações positivas que desejamos que aconteçam.

Assim, não sendo por milagre, não sendo por acaso, não sendo por mistério, com recursos e visão a escola, cada escola, pode e deve fazer a diferença e contrariar o risco de insucesso e piores condições de vida que afectam sobretudo as crianças nascidas no lado menos confortável da vida.

Apesar de todas as dificuldades são possíveis trajectórias mais positivas e para mais cidadãos se as políticas públicas forem no seu conjunto mais adequadas e apontando mais nas pessoas e na qualidade de vida e menos em mercados desregulados que sustentam pobreza e exclusão.

Neste quadro e do meu ponto de vista, tantas vezes aqui afirmado, a questão central será a valorização da escola pública. Esta valorização deverá assentar em quatro eixos fundamentais, a qualidade considerando resultados, processos, autonomia e gestão optimizada de recursos, segundo eixo, qualidade para todos, a melhor forma de combater os mecanismos de exclusão e a desigualdade de entrada, terceiro eixo, diferenciação de metodologias, diferenciação progressiva e não prematura dos percursos de educação e formação e, quarto eixo, dispositivos de apoio oportunos suficientes e competentes às dificuldades de alunos e professores.

A Educação, o Conhecimento, a Formação são ferramentas de construção e distribuição de riqueza e bem-estar em múltiplas dimensões, incluindo a saúde.

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