quarta-feira, 5 de agosto de 2020

QUE DIZEM OS RESULTADOS DOS EXAMES NACIONAIS?

Conhecidos os resultados da 1ª fase dos exames nacionais regista-se uma subida significativa da avaliação em quase todas as disciplinas em que se realizou exame. A média subiu 3.3 valores em disciplinas como geologia, Biologia ou Geografia A, como também subiu 3.2 em Físico e Química e 1.8 em matemática A. Em Português a subida foi mais modesta, 0.2 valores
O IAVE já afirmou que procederá a uma análise profunda aprofundada destes resultados que julgo justificarem umas notas.
Em primeiro lugar importa considear que se tratou de uma época de exames atípica devido às circunstâncias que conhecemos. Realizaram-se exames em menos disciplinas e a tipologia dos exames também foi alterada com a introdução de questões opcionais. Esta situação, segundo algumas análises, pode contribuir para a subida das médias e até para resultados mais altos de alunos sem conhecimentos qua as suportem (Sociedade Portuguesa de Matemática).
Mesmo em circunstâncias mais habituais a análise dos exames, por exemplo do seu nível de dificuldade, estrutura ou conteúdos, e dos seus resultados raramente é consensual e também este ano, apesar da excepcionalidade, não foge à regra da diversidade de opiniões.
A existência de exames nacionais tem como função essencial sustentar a avaliação externa, uma ferramenta importante na regulação da qualidade, e ordenar os alunos face ao conhecimento demonstrado.
No caso do secundário esta segunda dimensão é sobrevalorizada pois acresce que a candidatura ao ensino superior é realizada basicamente através da média final do secundário em que a nota dos exames tem um peso importante. Esta nota pode regular o efeito da inflação na avaliação interna que algumas escolas simpáticas realizam, um fenómeno conhecido e inspeccionado.
Nesta perspectiva, como poderemos “ler” os resultados mais positivos desta época de exames.
Os alunos terão mais conhecimentos que em épocas anteriores?
Decorrem da realização de um menor número de provas o que, segundo alguns, dará mais tempo para a preparação?
Decorre de um eventual menor grau de dificuldade?
Decorre da estrutura das provas com a introdução de questões de resposta opcional?
A ordenação dos alunos de acordo com estes resultados tem equidade e robustez fiáveis?
Cumprem de forma adequada a sua função essencial, regulação externa e ordenação dos alunos?
Também não tenho resposta para estas questões, mas na próxima época de exames voltaremos a elas. É o destino.

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