sexta-feira, 17 de abril de 2020

O MUNDO ESTÁ NO ECRÃ


A complexidade dos tempos excepcionais que vivemos multiplica exponencialmente as implicações no nosso quotidiano. Numa experiência única no nosso percurso de vida temos crianças, adolescentes e jovens “trancados”, confinados, em casa.
De repente o mundo mudou, quando estávamos a alertar para o risco de uma sobrevalorização do tempo passado em frente a um ecrã e dos riscos existentes, agora temos o mundo no ecrã. A escola, os professores, os amigos, a família, a ajuda para estudar, a informação e conhecimento, os apoios para a actividades ou simplesmente ocupar o tempo livre ou minimizar a solidão e o isolamento estão num ecrã, tudo (quase tudo) está no ecrã.
Não temos como fugir a isso e ainda bem que dispomos destes dispositivos.
A questão é que muitos das questões do lado B da sua utilização, os riscos, também aumentaram significativamente, veja-se por exemplo, o crescimento das tentativas de pirataria com várias metodologias ou os riscos identificados na utilização de algumas plataformas de comunicação.
No que respeita aos mais novos, temos desde logo e sobretudo com os mais pequenos um risco de exposição excessiva aos ecrãs e eventuais implicações para a saúde ocular embora as questões desta natureza e de ergonomia se coloquem para todos os que estrão muito tempo a utilizar dispositivos digitais.
Acresce a questão dos conteúdos, mais do nunca é importante ainda que com bom senso estarmos atentos aos conteúdos a que crianças e adolescentes acedem ou vêem os ecrãs ser “invadidos”. Será importante alertar os pais para alguns destes riscos. Em muitas conversas com pais quando abordo estas questões não é raro ouvir algo como. “nem me passava por a cabeça que isso existisse”, e estou a falar de pais com hábitos de utilização destes dispositivos.
A invasão da privacidade e os riscos em matéria de segurança com exposição de imagens pessoais e dos espaços familiares são também de considerar.
Estas notas não pretendem tornar ainda mais pesado o exercício da parentalidade em tempos para os quais ninguém estaria preparado ou entender que se deve evitar a utilização dos dispositivos digitais, não temos como não os utilizar. Apenas me parece importante que tanto, quanto possível, estejamos atentos ao que vai acontecendo e passando nos ecrãs e ao seu uso.
Estar atento já é um enorme contributo para minimizar riscos. Sabemos que o mundo agora está no ecrã e é bom esta acessibilidade, mas também sabemos que mundo algumas vezes, demasiadas vezes, é um lugar mal frequentado.

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