Com um tempinho disponível fui
ouvir a parte do debate relativa à educação, com uma referência mais particular à educação especial e ao ensino artístico.
António Costa falou do reforço da
educação inclusiva e referiu a diminuição de recursos da para os apoios a
alunos com necessidades educativas especiais e ao ensino da música. Presumo que
isto possa significar que pensará reverter isto.
No entanto, não consegui perceber
o que serão os objectivos programáticos do PS nestas matérias.
Passos Coelho, sem surpresa, cola
a educação especial aos apoios especializados o que traduz com clareza o
pensamento sobre a educação inclusiva.
Promove o habitual malabarismo numérico
para nos explicar que no ensino artístico não há desinvestimento e que na
educação foram vinculados 4 000 professores. Existe um pequeno problema,
alguns milhares de crianças não vão ter ensino musical e no que respeita aos
professores, segundo as Sínteses Estatísticas do Emprego Público divulgadas no
boletim do terceiro trimestre de 2014 da Direcção-geral da Administração e do
Emprego Público, de 2011 para 2014 saíram cerca de 30 000 professores.
Relativamente ainda à educação especial
o aumento significativo do número de alunos referenciados como tendo
necessidades educativas especiais não teve correspondência no aumento de
professores e técnicos para trabalho com estes alunos com consequências evidentes na falta de apoio de qualidade a muitos alunos.
Passos Coelho sublinhou ainda o
reforça da escolas pública e da autonomia o que atendendo à centralização
extraordinária e plataformicamente burocratizada nos deixa a inquietação do que
seria se não tem acontecido “tanta” autonomia e “tanto” apoio à escola pública.
Fez ainda a apologia do reforço
do sistema selectivo do ensino, também conhecido por ensino dual em modo Crato,
que alimenta as assimetrias sociais e divide o sistema nos bons e nos maus
escrutinados pela obsessão pela medida traduzida na examocracia instalada.
De modo que a coisa promete,
entre a retórica sem conteúdos claros que pode ser inconsequente e a promessa
de continuidade do que de mau se tem verificado, fiquei deveras inquieto.
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