No Expresso online encontra-se a
referência a um estudo publicado na Nature que, em linha com resultados de
outros trabalhos, encontra uma relação significativa entre o estilo de
alimentação e o rendimento escolar em jovens.
Adolescentes com 14 anos e que
seguem uma dieta com forte presença de carnes vermelhas, doces, comida com
muita gordura, farinhas, bebidas com açúcar e carnes processadas, obtêm em matemática,
escrita e leitura resultados em média 7% mais baixos que os alunos cuja
alimentação privilegia vegetais e cereais integrais.
É afirmado que na adolescência o
desenvolvimento adequado é afectado por uma alimentação de pior qualidade.
Este trabalho recordou-me as
dificuldades que, é bom não esquecer, muitas famílias atravessam em Portugal
sendo público que muitas crianças e adolescentes encontram na escola a única
refeição consistente e equilibrada a que acedem levando a que em muitas
autarquias as cantinas escolares funcionem também no período de férias ou de
interrupção de aulas.
Em anos anteriores o MEC procurou
responder a este tipo de situações através do PERA - Programa Escolar de
Reforço Alimentar.
O impacto das circunstâncias de
vida no bem-estar das crianças e em aspectos mais particulares no rendimento
escolar e comportamento é por demais conhecido e essas circunstâncias
constituem, aliás, um dos mais potentes preditores de insucesso e abandono
quando são particularmente negativas, como é o caso de carências significativas
ao nível das necessidades básicas.
Um Relatório de 2013, "Food
for Thought", da organização Save the Children, afirmava que 25% das
crianças terão o seu desempenho escolar em risco devido à malnutrição com as
óbvias e pesadas consequências em termos de qualificação e qualidade de vida de
que a educação é uma ferramenta essencial.
Em qualquer parte do mundo,
miúdos com fome, com carências, não aprendem e vão continuar pobres. Manteremos
as estatísticas internacionais referentes a assimetrias e incapacidade de
proporcionar mobilidade social através da educação. Não estranhamos. Dói mas é
“normal”, é o destino.
Quando penso nestas matérias
sempre me lembro da história que conto com frequência e foi umas das maiores
lições que já recebi, acontecida há uns anos em Inhambane, Moçambique. Ao
passar por uma escola para gaiatos pequenos o Velho Bata, um homem velho e sem
cursos, meu anjo da guarda durante a estadia por lá, disse-me que se mandasse
traria um camião de batata-doce para aquela escola. Perante a minha estranheza,
explicou que aqueles miúdos teriam de comer até se rir, “só aprende quem se
ri”, rematou o Velho Bata.
Pois é Velho, miúdos com fome não
aprendem e vão continuar pobres.
1 comentário:
Começar por dizer que tens toda a razão.
Se reparares bem na alimentação mediterrânica, na quantidade de vezes que se deve comer carne ou peixe, chegas à conclusão que é uma dieta considerada de 'pobres' e no entanto, dizem, é a melhor e mais barata.
Não sei se essa dieta será a melhor. Desconfio muito desses estudos e das modas
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