Nuno Crato afirmou hoje que o ano
lectivo está a arrancar com “melhores
escolas”, um “corpo docente mais
estabilizado” e um melhor sistema educativo. O ano lectivo será seguramente
“de mais sucesso”, com “ofertas mais estabilizadas”, “mais ensino profissionalizante”, um “currículo mais bem organizado”. Mais acrescentou que, "Criou-se um mito que as aulas iam começar
uma semana mais tarde, não é verdade.” e “não há
desinvestimento nenhum no ensino artístico".
Decididamente, começa a ser
difícil entender este processo de negação da realidade que é transformada nos
desejos de quem olha para ela.
Recordemos algumas outras afirmações.
Em Julho dizia que "Este país, apesar da crise, progrediu na
Educação. Isso é reconhecido nos indicadores internacionais, no reforço do
ensino profissional e na qualidade de ensino. Foram anos difíceis, mas em que
não esquecemos o que é mais importante que é o futuro dos nossos jovens".
Numa entrevista na RTP 2 em Junho
ouvimos.
“O ano
passado verificou-se um erro pontual, este ano tudo correrá atempadamente.”
“Todos os efeitos para os alunos decorrentes dos atrasos do início do
ano lectivo, foram corrigidos”, “foram dados todos os recursos às escolas e
agora tudo está bem”.
“Temos um ponto de equilíbrio nas disciplinas estruturantes, metas
curriculares mais exigentes e melhor organizadas”,
“As escolas têm uma panóplia de meios adequados às aprendizagens dos
alunos”.
“As escolas têm grande liberdade para organização dos tempos lectivos e
da oferta curricular”.
“A municipalização promove a descentralização sem diminuir a autonomia
das escolas”
Podemos ainda acrescentar que
Nuno Crato afirmou há algum tempo que estamos num “ano de ouro da ciência”.
Recordo que em Fevereiro Nuno
Crato já tinha afirmado que de 2011 para cá o País está melhor na Educação e na
Saúde.
O Ministro Nuno Crato afirma tudo
isto com uma enorme convicção, até se convence que a realidade é mesmo esta.
No entanto vejamos duas notas
retiradas da imprensa de hoje cuja divulgação apenas pretende, evidentemente, aborrecer
Nuno Crato.
Um estudo do Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos encomendado pelo Parlamento Europeu sobre as
respostas educativas alunos com necessidades educativas especiais conclui que,
lê-se no Público “as falhas na educação começam logo ao nível dos programas de
intervenção precoce, aos quais faltam meios técnicos e humanos, e continuam ao
longo de todo o percurso escolar.
A segunda referência remete para o ensino da música. Os cortes no financiamento aos conservatórios impossibilitam a abertura de turmas do 5.º ano, o primeiro do ensino articulado de música. Tal situação implica, evidentemente, que muitas crianças vejam comprometidos os seus sonhos. Como se sabe os sonhos, estes sonhos, cmeçam cedo ou nunca mais começarão.
Não vale a pena, o espaço não
permite e seria repetir o que tantas vezes aqui tenho escrito e quem conhece a
realidade bem sabe que o universo das escolas não é o mar de rosas descrito
pelo Ministro Nuno Crato. Seria bom que fosse mas não é.
O despudor e falta de seriedade
intelectual parecem não ter limites.
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