quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A ESTRANHA RELAÇÃO DE NUNO CRATO COM A REALIDADE

Nuno Crato afirmou hoje que o ano lectivo está a arrancar com “melhores escolas”, um “corpo docente mais estabilizado” e um melhor sistema educativo. O ano lectivo será seguramente “de mais sucesso”, com “ofertas mais estabilizadas”, “mais ensino profissionalizante”, um “currículo mais bem organizado”. Mais acrescentou que, "Criou-se um mito que as aulas iam começar uma semana mais tarde, não é verdade.” e “não há desinvestimento nenhum no ensino artístico".
Decididamente, começa a ser difícil entender este processo de negação da realidade que é transformada nos desejos de quem olha para ela.
Recordemos algumas outras afirmações.
Em Julho dizia que "Este país, apesar da crise, progrediu na Educação. Isso é reconhecido nos indicadores internacionais, no reforço do ensino profissional e na qualidade de ensino. Foram anos difíceis, mas em que não esquecemos o que é mais importante que é o futuro dos nossos jovens". 
Numa entrevista na RTP 2 em Junho ouvimos.
 “O ano passado verificou-se um erro pontual, este ano tudo correrá atempadamente.”
“Todos os efeitos para os alunos decorrentes dos atrasos do início do ano lectivo, foram corrigidos”, “foram dados todos os recursos às escolas e agora tudo está bem”.
“Temos um ponto de equilíbrio nas disciplinas estruturantes, metas curriculares mais exigentes e melhor organizadas”,
“As escolas têm uma panóplia de meios adequados às aprendizagens dos alunos”.
“As escolas têm grande liberdade para organização dos tempos lectivos e da oferta curricular”.
“A municipalização promove a descentralização sem diminuir a autonomia das escolas”
Podemos ainda acrescentar que Nuno Crato afirmou há algum tempo que estamos num “ano de ouro da ciência”.
Recordo que em Fevereiro Nuno Crato já tinha afirmado que de 2011 para cá o País está melhor na Educação e na Saúde.
O Ministro Nuno Crato afirma tudo isto com uma enorme convicção, até se convence que a realidade é mesmo esta.
No entanto vejamos duas notas retiradas da imprensa de hoje cuja divulgação apenas pretende, evidentemente, aborrecer Nuno Crato.
Um estudo do Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos encomendado pelo Parlamento Europeu sobre as respostas educativas alunos com necessidades educativas especiais conclui que, lê-se no Público “as falhas na educação começam logo ao nível dos programas de intervenção precoce, aos quais faltam meios técnicos e humanos, e continuam ao longo de todo o percurso escolar.
A segunda referência remete para o ensino da música. Os cortes no financiamento aos conservatórios impossibilitam a abertura de turmas do 5.º ano, o primeiro do ensino articulado de música. Tal situação implica, evidentemente, que muitas crianças vejam comprometidos os seus sonhos. Como se sabe os sonhos, estes sonhos, cmeçam cedo ou nunca mais começarão. 
Não vale a pena, o espaço não permite e seria repetir o que tantas vezes aqui tenho escrito e quem conhece a realidade bem sabe que o universo das escolas não é o mar de rosas descrito pelo Ministro Nuno Crato. Seria bom que fosse mas não é.
O despudor e falta de seriedade intelectual parecem não ter limites.

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