São conhecidos os resultados do
acesso ao ensino superior. Cerca de 87,1% dos candidatos ficaram colocados, 50,5%
conseguiram uma colocação na sua primeira opção e 84,4% numa das três primeiras
escolhas.
A colocação e as escolhas de
curso assentam, naturalmente, nas motivações dos candidatos e das suas
expectativas face ao futuro e nos constrangimentos e enviesamentos da oferta.
Se repararmos que apenas cerca de metade vai frequentar o curso que é a sua
primeira escolha existe o risco de frustração e desmotivação que pode levar à desistência
e desmotivação, esperemos que corra bem.
Umas notas breves na linha do que
aqui já tenho escrito.
Sou dos que entendem que cada um
de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua
narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é
preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo
ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece.
Nesta perspectiva, parece-me
importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode
representar, nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho,
faça a sua escolha assente na sua motivação ou no projecto de vida que gostava
de viver e, então, informar-se sobre opções, sobre as escolas e respectivos
níveis de qualidade.
Por outro lado, é esta questão quero
sublinhar, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior
constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta, como muitas vezes afirmo, é a ligeireza com que algumas pessoas
parecem encarar a sua formação superior, assumindo logo aqui uma atitude pouco
"profissional", cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. O
caso mediatizado e ainda não concluído do “Dr.” Miguel Relvas é apenas um
exemplo extremo deste entendimento, a formação não é um conjunto de saberes e
competências, é um título que se cola ao nome.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho. Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Assim sendo, importa que o
investimento, a preocupação com a aprendizagem e a aquisição de saberes e
competências possam ser uma preocupação que pode, e deve, coexistir com o
desenvolvimento de uma vida académica socialmente rica, divertida e fonte de
bem-estar e satisfação. É desejável resistir à tentação do facilitismo, do
passar não importa como, da fraude académica, da competição desenfreada que
inibem partilha, cooperação e apoio para momentos menos bons.
O futuro vai começar dentro de
momentos.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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