Um relatório da rede de informação europeia Eurydice, divulgado nesta sexta-feira (Languages in Secondary Education - An Overview of National Tests in Europe), mostra que dos 34 países europeus analisados, só em 12 existiam exames nacionais de Inglês naquele nível de escolaridade no ano lectivo de 2014/2015. No correspondente ao 3.º ciclo a forma de avaliação mais utilizada é a dos testes de diagnóstico, que não contam para a nota.
O relatório da rede Eurydice frisa, a propósito, que “ na maioria dos países que têm exames nacionais de Inglês, estes testes são aplicados no ensino secundário e usados para efeitos de certificação”. No conjunto, cerca de três quartos dos exames nacionais em vigor são realizados neste nível de escolaridade, precisa-se no estudo.
Por cá, como o Relatório da Eurydice mostra o cenário é outro, a
examocracia instalada na Cratolândia em nome de uma crença mágica de que os
exames só por existirem melhoram a qualidade do trabalho de alunos, professores
e escolas é uma trave mestra da política educativa.
Entender que os exames, quanto
mais melhor, agora mais o de Inglês, só por se realizarem são fonte de
qualidade, parece decorrer da estranha convicção de que se medir muitas vezes a
febre, esta irá baixar o que é, no mínimo, ingénuo.
Como não se pode racionalmente
falar de ingenuidade, trata-se de uma medida “facilitista”, instituem-se os
exames, muitos exames, estes passam a ser o tudo na vida da escola, dos
professores e dos alunos e as aprendizagens melhorarão. Para que tudo funcione
conforme o script gere-se politicamente a dificuldade dos exames, o próprio
Presidente do Conselho Científico do IAVE o reconhece, e fecha-se o círculo, os
exames são a panaceia para as fragilidades do sistema e validam a bondade das
políticas. Será?
Não, não é.
Por outro lado, importa perceber
como se está a processar a avaliação interna em muitas escolas nos anos em que
não existem exames, a retenção sobe filtrando os alunos para que não contaminem
os resultados nos exames, o critério para os "prémios" do MEC o que
cria mais um efeito perverso.
Como tantas vezes afirmo, a
qualidade promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e
regular das aprendizagens, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho
dos professores, com a definição de currículos adequados e de vias
diferenciadas de percurso educativo para os alunos sempre com a finalidade de
promover qualificação profissional, com a estruturação de dispositivos de apoio
a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas
educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos
adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição de
objectivos de curto e médio prazo, etc.
Estas medidas podem, devem,
coexistir de forma equilibrada com a avaliação externa e aí teríamos uma avaliação certificadora,
reguladora e integrada nos processos de ensino e aprendizagem.
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