segunda-feira, 21 de setembro de 2015

DAS EXPLICAÇÕES ESCOLARES

Na verdade, o recurso às explicações mais frequente na parte final do ano lectivo na tentativa de o “salvar” ou melhorar o resultado começa a verificar-se cada vez mais cedo e mesmo antes das aulas começarem numa tentativa de “consolidar” aprendizagens frágeis” ou prevenir dificuldades. Com o início das aulas e o avançar do ano lectivo a “carga” de explicação tende a aumentar.
A instituição "explicação" é velha e orienta-se em duas grandes direcções, a ajuda ao aluno pouco trabalhador e motivado que pressionado pela família vai para a explicação à procura de um sucesso menos trabalhoso, ou, por outro lado, tenta minimizar dificuldades que a escola, pelas mais variadas razões não consegue atenuar. O tempo que a generalidade das crianças passa na escola deveria ser suficiente, se esta tivesse recursos e meios, para que não fosse necessário o recurso tão expressivo a trabalho fora da escola.
Como alguns dos responsáveis ouvidos em diferentes trabalhos da imprensa referem, uma explicação de última hora não garante sucesso, importa regularidade e continuidade nesse trabalho o que contribui para explicar a “extensão” do tempo de explicação e o bom andamento desta área de negócio.
É também frequentemente referido que muitos alunos não são eficientes na forma como se organizam para estudar, são pouco autónomos. Quando este tipo de matéria, os métodos de estudo, não é trabalhado na escola, surge, obviamente, a necessidade da ajuda externa para suprir ou minimizar essas dificuldades.
Por outro lado, sabemos todos que as explicações são caras, mais caras se forem individuais, constituindo-se, aliás, como um excelente nicho de mercado em educação. Tal facto significa que o acesso à explicação está, naturalmente, condicionado pelas disponibilidades económicas das famílias, independentemente do actual cenário de crise. Quer isto dizer que a aposta e o investimento em recursos e apoios disponibilizados na escola pública, promovendo ao limite a sua qualidade são, continuam a ser, a única forma de garantir a equidade de oportunidades para o sucesso, caso contrário só estará acessível a quem tenha dinheiro para o comprar.
Por outro lado, o clima instalado relativamente à pressão para resultados e para excelência e à forma como o sistema tem vindo a caminhar assumindo uma relação obsessiva com a medida, no alimentar de um clima competitivo e selectivo, famílias mais escolarizadas e que criam em muitas crianças uma pressão fortíssima para a excelência dos resultados também contribuem para que a seguir à escola muitas crianças e jovens caminhem para os centros de explicações que acabam for funcionar como AAEs, Ateliers de Actividades Escolares respondendo como 2 em 1, tomam contas das crianças e melhoram, espera-se, o seu rendimento escolar.
Nós não precisamos de mais escola, nós precisamos de melhor escola.

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