domingo, 19 de fevereiro de 2023

É TÃO TRISTE NÃO SABER LER

 No Expresso encontra-se um trabalho muito interessante sobre uma problemática que muitas vezes esquecemos que existe, o analfabetismo.

Apesar da evolução dos inaceitáveis indicadores herdados do estado novo ainda é surpreendente que de acordo com o Censo de 2021 ainda tenhamos cerca de 300 000 pessoas, 3,1 %. Como esperado, os mais velhos revelam maiores taxas de analfabetismo, mas continuam a existir mais de 16 mil pessoas entre os 40 e os 49 anos nessa situação, entre os 30 e 39 são mais de nove mil entre e até aos 30 existem quase oito mil jovens analfabetos.

Como disse, temos registado uma evolução significativa, no Censo de 2011 apurou-se uma taxa de analfabetismo de 5.15%. Sendo certo que este dado representa um salto relevante face a 25.7% em 1970 a verdade é que ainda mantemos uma taxa demasiado elevada. A educação de adultos é hoje uma área de forte investimento em diversos sistemas educativos mesmo em países taxas de alfabetização bastante acima das nossas.

Se à taxa de analfabetismo acrescentarmos o analfabetismo funcional, pessoas que foram escolarizadas, mas que não mantêm competências em literacia, a situação é verdadeiramente prioritária, atingirá certamente pelo menos dois milhões de portugueses. Conforme a peça do Expresso refere muitas das iniciativas decorrentes de projectos ou programas de qualificação acabam por não abranger quem parte do zero.

Tantas vezes é preciso afirmar, os custos em educação não representam despesa, são investimento e com retorno garantido.

A propósito do analfabetismo por aqui no Alentejo canta-se:

(…)

É tão triste não saber ler

Como é triste não ter pão

Quem não conhece uma letra

Vive numa escuridão

(…)

O analfabetismo parece algo de anacrónico nos tempos que vivemos, mergulhados num mundo de literacias com gente ao lado que não sabe ler nem escrever.

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