De acordo com indicadores disponibilizados no âmbito do Programa Escola Segura, a PSP e a GNR registaram no ano lectivo de 21/22 4757 ocorrências, sendo 67% (3172) de natureza criminal com maior prevalência de ofensas à integridade física, injúrias e roubo.
Estes dados, apesar de algum agravamento das ocorrências de
natureza criminal, estão em linha com os verificados nos anos pré-pandemia.
Deixem-me insistir em duas ou três notas que retomo de
reflexões anteriores.
Os estilos de vida, as exigências de qualificação têm
tornado gradualmente a escola mais presente e durante mais tempo na vida de
crianças e adolescentes e, consequentemente, com reflexos na educação em
contexto familiar.
Creio que já dificilmente se entende que a “família educa e
a escola instrói”. Também parece que já não se espera da escola que forme
“técnicos” e não cidadãos, pessoas, com qualificações ao nível dos conhecimentos
em múltiplas áreas. Aliás, se bem repararem falamos de sistemas de educação e
não de sistemas de ensino e ainda bem que assim é.
Creio que já dificilmente se entende que o conhecimento é
asséptico. O conhecimento, a sua produção e a sua divulgação, tem, deve ter,
sempre um enquadramento ético e não é imune a valores.
Nas sociedades contemporâneas um sistema público de educação
com qualidade, desde há muito de frequência obrigatória e progressivamente mais
extenso, é uma ferramenta fundamental para a promoção de igualdade de
oportunidades, de equidade e de inclusão. Uma educação global de qualidade é de
uma importância crítica para minimizar o impacto de condições sociais,
económicas e familiares mais vulneráveis.
Para além dos dados referidos e dos que se referem à
delinquência juvenil, são também preocupantes indicadores relativos à violência
relativos à violência nas relações de namoro entre jovens, sendo que muitos a
entendem como “normal”, tal como inquietam o volume de episódios de bullying,
ou os consumos de álcool ou droga.
Parece-me importante que as matérias integradas na
"Educação para a Cidadania" integrem o trabalho desenvolvido na
educação em contexto escolar. Com o mesmo objectivo será importante o
desenvolvimento de programas de natureza comunitária envolvendo diferentes
áreas das políticas públicas.
Como tenho referido precisamos e devemos discutir sempre
como fazer, com que recursos e objectivos e promover a autonomia das escolas,
também nestas questões. Por outro lado, não acredito na “disciplinarização” destas
matérias, julgo mais interessantes iniciativas integradas, simplificadas e
desburocratizadas em matéria de organização e operacionalização.
Sabemos que a prevenção e programas de natureza comunitária,
socioeducativa, têm custos, mas importa ponderar entre o que custa prevenir e
os custos posteriores da pobreza, exclusão, delinquência continuada e da
insegurança.
No entanto, importa uma palavra de optimismo. A verdade é
que, apesar de todos os constrangimentos e dificuldades e do que ainda está por
fazer, o trabalho desenvolvido por professores, técnicos, funcionários e alunos
é bem-sucedido na maioria das situações e isso deve ser sublinhado. De uma
forma geral, professores, técnicos, funcionários e alunos, quase todos, fazem a
sua parte.
Importa não esquecer e sublinhar, a escola é segura.
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