Era uma vez um sítio onde havia um Rei. As pessoas deste sítio estavam um pouco perplexas com a situação porque nem tinham percebido muito bem como tinha surgido o Rei.
A verdade é que o Rei tinha uma influência enorme na vida
das pessoas do sítio. Elas organizavam-se para satisfazer todos os seus
caprichos, todas as suas ordens e ir ao encontro das necessidades que o Rei
tinha ou que as pessoas julgavam que o Rei sentia.
O Rei era muito variado de humores pelo que nem sempre
queria as mesmas coisas, um dia gostava de algo que no dia a seguir detestava.
Era esquisito com o que lhe proporcionavam, protestava e mostrava o seu
desagrado de forma até bem evidente com tudo e mais alguma coisa, nada parecia
agradar-lhe e tudo parecia querer. Reagia mal à mais pequena contrariedade, que
não admitia, pelo que as pessoas temiam estar por perto e tentavam evitar as
suas frequentes crises e zangas, durante as quais não tratava muito bem quem
estivesse à sua beira. Esta forma de viver foi-se instalando e as pessoas
começaram a sentir-se muito desconfortáveis. Por um lado, observavam que em
outros sítios não havia Reis assim e as pessoas viviam de uma forma mas
tranquila e, por outro lado, iam entendendo que o Rei iria progressivamente
ficando mais Rei e que a sua vida ficaria certamente mais complicada.
Um dia, as pessoas, aproveitando o sono do Rei, juntaram-se
e decidiram, "A nossa família já não aguenta mais, a partir de hoje, o
João faz sete anos, e não podemos mais aceitar que ele se porte como um Rei sem
limites, vamos começar a dizer-lhe que não, que não pode ser tudo como ele
quer. O João vai ser um João, não o Rei que tem sido até aqui. Está
decidido".
Não sei como acabou a história daquele Rei, mas parece que o
João anda mais feliz, só era um Rei porque o deixaram. E as pessoas deste
sítio, perdão desta família, também estão mais felizes.
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