A propósito da entrevista de Margarida Gaspar de Matos no I que merece leitura e reflexão, umas notas.
Não é raro que a entrada na pré-adolescência e adolescência
seja acompanhada pelo aparecimento de uma irritante comichão decorrente das
"borbulhas" do crescimento. Ainda menos raramente, os pais dos miúdos
que entram nesta fase desenvolvem também uma fortíssima comichão resultante dos
comportamentos, nem sempre esperados e entendidos, dos seus miúdos.
A esta fase de comichão em filhos e pais corresponde também
com alguma frequência uma espécie de afastamento e abaixamento dos níveis de
comunicação recíprocos o que, naturalmente, acentua a comichão que sendo ela
irritante, acaba por deixar todos muito irritados.
Como também é previsível nestas idades, os miúdos tendem a
procurar os anti-histamínicos junto dos amigos que, claro, também atravessam um
período em que sentem a comichão do crescer e "padecem" das mesmas
inquietações.
Por outro lado, os pais, muitas vezes assustados, não sabem
como procurar os miúdos e viram-se, na melhor das hipóteses para outros pais
com comichão e falam deles, dos filhos, não falando com eles, os filhos. Na
pior das hipóteses, os mais assustados escondem, tentam esquecer e não sentir a
preocupação com a comichão, esperando que a simples passagem do tempo, que se
deseja rápida, a cure.
Talvez fosse de recordar que a comichão do crescer é algo de
absolutamente natural, como talvez se lembrem nem sempre é fácil crescer, ficar
diferente.
Assim, a gente mais crescida, mais experiente, estando
atenta aos sinais, pode contribuir para tranquilizar os miúdos, não se
assustando, dando-lhes espaço e tempo para perceber que vão ser capazes de
lidar com a comichão do crescer.
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