quinta-feira, 1 de julho de 2021

O SUCESSO ESCOLAR REVISTO EM ALTA.

 A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência procedeu à divulgação do habitual estudo, “Estatísticas da Educação 2019/2020”,  sobre o desempenho dos alunos do básico e do secundário, de todos os cursos e nos subsistemas público e privado.

Em linha com que tem sido o caminho dos últimos anos e apesar das implicações significativas da pandemia no funcionamento das escolas, levando ao seu encerramento e ao ensino não presencial as taxas de retenção e abandono baixaram significativamente.

No ensino básico a retenção desceu de 3.8% em 2019 para 2.2% em 2020 e no secundário de 13.1% para 8.5% considerando todos os anos dos dois níveis de ensino.

Num primeiro olhar, talvez estes resultados possam contrariar as expectativas, em função das dificuldades sentidas por alunos, professores famílias, provavelmente esperar-se-ia um impacto negativo no desempenho escolar.

No entanto, a análise deve ser cautelosa. Os dispositivos de avaliação usados por muitos professores na gestão do ensino não presencial foram ajustados a essas circunstâncias reflectindo-se nos resultados. Recordo ainda ter ouvido muitos testemunhos de professores referindo que diminuíram a o ensino de “matéria nova“ em modo não presencial.

Por outro lado, verificou-se a eliminação de alguns dispositivos de avaliação externa e no ensino secundário ainda se verificou alteração dos modelos de exames que se traduziram numa subida dos resultados e que, aliás, será alterado para a época de exames que amanhã se inicia justamente com o objectivo de corrigir “enviesamentos “ para cima nos resultados de 2020.

Estes bons resultados, menos significativos como é habitual e não por acaso, no 2º e 7º do básico parecem comprometer a narrativa do impacto da pandemia das aprendizagens que justifica o aguardado Plano 21/23 Escola + destinado à recuperação dos trajectos de aprendizagem afectados pela circunstâncias e que decorreram os últimos tempos.

Como já tenho escrito simpatizo pouco com narrativas sobre perdas irreparáveis, gerações perdidas ou outros discursos da mesma natureza, sobretudo quando são subscritos, por exemplo, pelo Ministro da Educação. No entanto, a verdade é que muitos alunos incluindo alunos com necessidades especiais, independentemente da avaliação registada nas grelhas ou nas pautas passaram e passam por sobressaltos e dificuldades no seu percurso escolar.

É importante que estes resultados não sirvam para sustentar desinvestimento em docentes, técnicos e recursos e no que importa fazer em dispositivos de apoio a alunos e professores.

Deixem lá ver.

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