A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência procedeu à divulgação do habitual estudo, “Estatísticas da Educação 2019/2020”, sobre o desempenho dos alunos do básico e do secundário, de todos os cursos e nos subsistemas público e privado.
Em linha com que tem sido o caminho
dos últimos anos e apesar das implicações significativas da pandemia no
funcionamento das escolas, levando ao seu encerramento e ao ensino não
presencial as taxas de retenção e abandono baixaram significativamente.
No ensino básico a retenção desceu de 3.8%
em 2019 para 2.2% em 2020 e no secundário de 13.1% para 8.5%
considerando todos os anos dos dois níveis de ensino.
Num primeiro olhar, talvez estes
resultados possam contrariar as expectativas, em função das dificuldades sentidas
por alunos, professores famílias, provavelmente esperar-se-ia um impacto
negativo no desempenho escolar.
No entanto, a análise deve
ser cautelosa. Os dispositivos de avaliação usados por muitos professores na
gestão do ensino não presencial foram ajustados a essas circunstâncias reflectindo-se
nos resultados. Recordo ainda ter ouvido muitos testemunhos de professores referindo
que diminuíram a o ensino de “matéria nova“ em modo não presencial.
Por outro lado, verificou-se a
eliminação de alguns dispositivos de avaliação externa e no ensino secundário
ainda se verificou alteração dos modelos de exames que se traduziram numa
subida dos resultados e que, aliás, será alterado para a época de exames que amanhã
se inicia justamente com o objectivo de corrigir “enviesamentos “ para cima nos
resultados de 2020.
Estes bons resultados, menos significativos
como é habitual e não por acaso, no 2º e 7º do básico parecem comprometer a
narrativa do impacto da pandemia das aprendizagens que justifica o aguardado Plano
21/23 Escola + destinado à recuperação dos trajectos de aprendizagem afectados
pela circunstâncias e que decorreram os últimos tempos.
Como já tenho escrito simpatizo
pouco com narrativas sobre perdas irreparáveis, gerações perdidas ou outros
discursos da mesma natureza, sobretudo quando são subscritos, por exemplo, pelo
Ministro da Educação. No entanto, a verdade é que muitos alunos incluindo alunos com necessidades especiais, independentemente
da avaliação registada nas grelhas ou nas pautas passaram e passam por
sobressaltos e dificuldades no seu percurso escolar.
É importante que estes resultados
não sirvam para sustentar desinvestimento em docentes, técnicos e recursos e no
que importa fazer em dispositivos de apoio a alunos e professores.
Deixem lá ver.
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