quinta-feira, 29 de julho de 2021

AINDA O ACORDO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

 Será porventura uma tarefa sem sucesso, mas enquanto for possível reverter a situação criada pelo AO90, ou, pelo menos, atenuar danos, vale a pena insistir, importa que não nos resignemos. É uma questão de cidadania, de defesa da cultura e da língua portuguesa.

No Público, o professor divulga um trabalho, o projecto EILOS (Estudo sobre o Impacto na Linguagem Oral e na Sematologia – A090), que desenvolveu na na última semana de aulas deste ano lectivo, na Escola Secundária de S. Lourenço, em Portalegre, e que ilustra muito bem a mixórdia em que o AO90 transformou a língua portuguesa.

É importante recordar que apenas Portugal, S. Tomé e Príncipe, Brasil e Cabo Verde procederam à ratificação. Em 2018 a Academia Angolana de Letras solicitou ao Governo angolano que o Acordo Ortográfico de 1990 não seja ratificado e há algum tempo a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados do Parlamento do Brasil aprovou um requerimento de audiência pública para que seja debatida a revogação do AO ao que parece por indicação do Presidente Bolsonaro o que será porventura umas raríssimas ideias positivas vindas da sinistra figura. Não conheço desenvolvimentos relativa a esta situação.

Como tantas vezes tenho escrito, desculpem a insistência e não inovar, entendo, evidentemente, que as línguas são estruturas vivas, em mutação, pelo que requerem ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia de outras, o que não me parece sustentação suficiente para o que o Acordo Ortográfico estabelece como norma. O argumento da uniformização é disparatado, basta atentar no exemplo do inglês e do castelhano ou da mixórdia resultante no português escrito e falado nos diferentes países da comunidade.

Aliás, como se pode ler no texto do Público, “Os defensores do AO90 fugiram sempre a explicações coerentes, tantas as pontas soltas do desastre a que chamam “acordo”, de que uma das consequências foi a de nunca ter produzido – e jamais poder vir a fazê-lo – uma unificação ortográfica.

O resultado foi transformar a língua portuguesa numa confusão impossível de concertar dadas as diferenças entre o português falado e escrito pelos diferentes países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Era importante que fossem revertidos alguns dos maus-tratos dados à língua portuguesa com o AO90. Ainda estamos a tempo.

Como escrevi acima e muitas vezes aqui tenho repetido, enquanto for possível reverter insistirei e enquanto o corrector me permitir e eu conseguir tentarei evitar o “acordês”, birra de velho, evidentemente.

3 comentários:

Unknown disse...

Este acordo foi um desastre para a língua Portuguesa eu como cidadão Português sinto-me ultrajado. Estamos a ser colonizados pelos (PALOPS) Brasil Angola Moçambique Guine etc etc etc.

Isabel A. Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isabel A. Ferreira disse...

Não, não estamos a ser colonizados pelos PALOPS, porque apenas o Brasil e Portugal estão nesta roda do AO90.
Apenas o Brasil desviou a Língua Portuguesa das suas origens.
Apenas o Brasil não cumpriu os acordos ortográficos que fez com Portugal.
Apenas Portugal e Brasil e São Tomé e Príncipe (Cabo Verde está fora) ratificaram o AO90.
Apenas o Brasil tem a pretensão de colonizar Portugal através da (imposição) grafia da Variante Brasileira, oriunda do Português.

Nada contra o Brasil, mas não podemos deixar-nos colonizar ou substituir a NOSSA grafia, pela grafia brasileira (90%) em vigor desde 1943.