domingo, 4 de julho de 2021

OS DIAS MÁGICOS

 Cá estou de novo a recordar a perplexidade e o gozo da última grande descoberta nesta minha viagem que já vai longa.

Cumprem-se hoje oito anos desde que entrei pela primeira vez no mundo encantado, no mundo mágico da avozice. O tempo voa e o tempo dos velhos parece que voa mais depressa.

Esta mudança de geração tem sido uma bênção em cada dia que passa e contribui decisivamente para cumprir a narrativa de um Homem de sorte, eu.

Às vezes, quando brincam ou quando dormem, fico assim a olhar para eles, para os meus netos, o grande neto Grande, o Simão, que nasceu há oito anos e o Grande neto pequeno, o Tomás, com pouco mais de cinco anos. Ainda ontem adormeci o Tomás com uma história do “Arranja Moinhos”, personagem que já habitava as histórias que o meu pai nos contava.

Ponho-me a imaginar que viagens irão fazer.

Nessas alturas sinto-me assim …  desculpem o atrevimento... um anjo da guarda.

Na verdade, que mais deve ser um pai ou um avô que não um anjo da guarda.

Às vezes, não sabemos, não percebemos, não queremos ou não podemos.

Mas é bonito.

A magia da avozice recorda-me, já aqui o contei, a fala de um Velho de Cabo Verde, amigo do meu amigo Amílcar, que dizia a propósito do quanto gozava a sua condição de avô, "Se soubesse que ter netos era assim, tinha tido os netos antes dos filhos".

Acho curiosíssima e elucidativa deste mundo mágico, ser avô.

No entanto, a ordem das coisas é a ordem das coisas, cresce um filho até ser Gente, vai crescer um neto até ser Gente.

E eu por perto por mais algum tempo. Muito, espero.

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