Sabemos ainda muito pouco sobre o que será o futuro próximo da educação escolar.
Sabemos que a 8 de Fevereiro regressará o ensino não presencial
para a generalidade dos alunos. São conhecidas algumas excepções, havendo grupos
de alunos que, por diferentes razões, terão apoio presencial.
Sabemos ainda que se registarão certamente muitas
dificuldades decorrentes do não cumprimento da promessa de equipar alunos e
escolas com os recursos necessários.
Sabemos que muita gente afirma que as escolas estão
preparadas e muita outra gente que afirma que, em qualquer circunstância e mais uma vez, professores e escolas
vão fazer o melhor possível, como habitualmente acontece e o primeiro
confinamento mostrou.
Também sabemos hoje muito mais do que sabíamos sobre ensino à
distância, bem diferente de ensino não presencial de emergência. Em termos nacionais e internacionais, sobretudo a partir do
primeiro confinamento e da avaliação e investigação realizada, emergiu um volume de
conhecimento que está disponível e que permitirá optimizar o esforço que certamente
irá ser realizado e minimizar o que de menos positivo se verificou.
Também não sou um especialista desta área, estas décadas de trabalho
em educação têm sido, sobretudo, direccionadas, para, por assim dizer e me
manter próximo da terminologia, entender e procurar intervir no que leva tantas crianças a ficar distantes
da escola.
Quando comecei, anos setenta, a distância era a mesmo a
ausência, obviamente por razões diferentes das actuais, refiro-me, por exemplo, a crianças com necessidades especiais ou com insucesso escolar continuado que,
ou não iam para a escola ou já não estavam a escola.
No entanto, muitas outras variáveis levavam muitas crianças,
já na escola, a ficarem “distantes” da escola, variáveis sociais e de contexto,
expectativas e atitudes decorrentes da percepção de competência dos alunos e da
“bondade” da sua presença na escola, efeito
de politicas públicas desadequadas, falta de equipamentos e recursos, incluindo
recursos humanos, falta de dispositivos de apoio competentes e suficientes, etc.
etc.
Do meu ponto de vista e apesar de mudanças significativas,
muito do que enunciei persiste e merece muita atenção pelo impacto que ainda tem no trajecto educativo dos alunos. Neste contexto, não será fácil o nos espera e o que
espera os alunos.
Como disse, não sou especialista em ensino não presencial e como
há quem saiba e existem professores, muitos professores com boas práticas e com
a experiência adquirida no ano lectivo passado, julgo que a peça do Público
sobre esta questão pode ser interessante e, mais do interessante, útil no
processo de preparação em curso nas escolas.
Não, não vai correr tudo bem, mas certamente vai correr
melhor.
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