sábado, 6 de fevereiro de 2021

DA ESCOLA DIGITAL

 Estamos quase a iniciar um novo período de ensino não presencial. Funcionará em moldes diferentes do que se verificou a partir de Março passado com algumas mudanças em sentido positivo e que já aqui sublinhei.

Durante algum tempo a discussão gerada pelo retorno a um modo de funcionamento não presencial centrou-se, naturalmente, no impacto que para muitos alunos, sobretudo nos mais novos e por diferentes razões, pode ter esse retorno.

No entanto, nos últimos dias a discussão passou para o problema do acesso aos equipamentos e à rede.

Parece clara a razão, sem computadores com capacidades mínimas e com acessibilidade à rede com eficiência. Algumas notas.

Assim, existem alunos que não têm equipamentos e famílias com meios para os adquirir, existem famílias com mais exigências de equipamentos, mais filhos e teletrabalho dos pais, por exemplo, existem professores sem equipamentos ou indisponíveis para utilizar os seus próprios recursos porque a isso não obriga o enquadramento legal do teletrabalho, existem escolas que têm equipamentos obsoletos que não permitem a realização de trabalho não presencial a partir dos espaços da escola, existem…

A minha maior inquietação é que no contexto absolutamente excepcional que vivemos desde há quase um ano a questão dos equipamentos teria de ser a que deveria estar resolvida e a que certamente teria em termos de impacto menor custo, aliás, seria um investimento numa educação mais preparada para os tempos que vivemos e para o futuro.

Se tivessem sido desencadeados oportunamente os mecanismos que executassem a promessas feitas em Abril de no próximo ano lectivo se verificar o “acesso universal à Internet e aos equipamentos a todos os alunos do ensino básico e secundário”, no próximo ano lectivo, contidas no Programa de Estabilização Económica e Social apresentado em Junho prevendo uma dotação de 400 milhões de euros destinados à aquisição de computadores e ligação à Internet para as escolas públicas.

Sendo, finalmente, que em 16 de Julho o Conselho de Ministros aprovou a aquisição prevista na iniciativa Escola Digital integrada no PEES e referida atrás, destinada, para além “da compra de computadores e de serviços de ligação à internet para escolas e alunos, reforçar a cobertura de rede, a aquisição de software e para dois outros programas: um destinado a desenvolver a “capacitação digital dos docentes” e outro para a desmaterialização dos manuais escolares.”

Insisto que tudo isto foi decidido até Julho.

Não deveríamos, pois, estar a discutir o que estamos a discutir. Em sociedades abertas as políticas públicas podem e devem ser discutíveis, podem e devem ser defendidas opções diferentes, podem e devem ser escrutinadas e podem e devem ser assumidas responsabilidades pelas suas consequências e decisões.

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