sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

DOS DESCONFINAMENTOS

 Hoje lembrei-me de umas notas a propósito de desconfinamento, um tema que tem merecido raras referências nos últimos dias, e que pode justificar alguma reflexão.

Muito provavelmente o processo de desconfinamento que todos desejamos será percebido genericamente como um retorno às normalidades.

Tal como noutros aspectos e com outros grupos, gostava que quando acontecesse o processo de desconfinamento dos mais novos fosse um pouco mais longe do que regressar aos espaços escolares ou a outras rotinas, às normalidades. Sei que não será fácil, mas gostava que se aproveitasse o balanço e se revalorizasse o brincar no exterior que por várias razões, segurança, estilos de vida ou alteração das percepções sobre a infância e sobre a relevância do brincar se foi perdendo em muitas contextos familiares. Nem sempre é uma questão de tempo ou oportunidade, logo que seja possível voltaremos a ter os grandes centros comerciais como “parque de diversões” para muitas famílias.

Como muitas vezes tenho escrito e afirmado em múltiplos encontros com pais e técnicos, do meu ponto de vista, o eixo central da acção educativa, escolar ou familiar, é a autonomia, a capacidade e a competência para “tomar conta de si” como fala Almada Negreiros. A brincadeira, a rua, a abertura, o espaço, o risco (controlado obviamente), os desafios, os limites, as experiências, são ferramentas fortíssimas de desenvolvimento e promoção dessa autonomia.

Como também me parece claro há que controlar o eventual perigo que é diferente do risco, as crianças também “aprendem” a conhecer e a lidar com o risco.

Talvez, devagarinho e com os perigos e riscos controlados, valesse a pena levar os miúdos para a rua, mesmo que por pouco tempo e não todos os dias.

É, pois, importante, volto a insistir, que todos os que lidam com crianças, em particular, os que têm “peso” em matéria de orientação, pediatras, professores, psicólogos, etc. assumam como “guide line” para a sua intervenção a promoção do brincar.

Os mais novos vão gostar e faz-lhes bem.

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