O que se vai conhecendo deste início de um novo período de ensino não presencial está a evidenciar algumas questões, também referidas em inúmeras peças na imprensa, que não surpreendem, eram, aliás, bem previsíveis. Umas notas sem hierarquizar a sua importância.
Antes de iniciar uma nota que me parece de registar para uma maior preocupação com os alunos em situação mais vulnerável.
Vejamos algumas questões. Está a verificar-se uma enorme latitude de formas de
organização das escolas, incluindo cargas horárias, volume de actividades,
distribuição dos vários modos de organização do trabalho, etc.
Como a experiência mostrou e a investigação sublinhou, a organização
da resposta deveria ser diferenciada considerando os anos de escolaridade e conteúdos. O
grande risco, mais uma vez, é que sem a ajuda muitas vezes difícil ou mesmo
impossível dos pais algumas crianças irão certamente desligar-se de mansinho da
relação educativa com os riscos conhecidos.
A questão da acessibilidade a equipamentos e a rede com
qualidade é ainda um enorme constrangimento para muitas crianças que, também
elas, sentirão a impossibilidade de se ligarem e/ou a ligação não ir abaixo.
Sublinhe-se que mais uma vez, independentemente até da
bondade das decisões das escolas, mais adequadas ao cumprimento formal de
programas ou mais amigáveis dos alunos para se mantenham em actividade educativa e ligados a pares e professores, o esforço que as escolas e professores realizarão
será gigantesco.
No entanto, algumas das questões com mais peso devem-se, do
meu ponto de vista ao menos competente planeamento do ME na questão dos
equipamentos e acessibilidade com qualidade por parte de alunos e escolas. Como
ontem disse, começou a ser anunciado em Abril e acabámos com encomendas
realizadas demasiado recentemente.
Se considerarmos que um dos pilares da mudança e
desenvolvimento da UE e das opções do PEES é a tão apregoada Transição Digital,
o investimento em dotar o sistema educativo dos recursos e meios que sustentam
esta transição digital é um investimento criticamente estratégico no futuro. Está
para além de uma reacção aos efeitos da pandemia, mas, naturalmente, deveria
ser acelerado pelo contexto existente. Não se trata de uma perpectiva, indefensável
diga-se, de substituir o ensino presencial em toda a escolaridade obrigatória
pelo ensino à distância. Aliás, boa parte do que está a acontecer não é, sequer,
ensino à distância como também já parece claro. Trata-se fundamentalmente da
integração generalizada dos meios digitais nos processos educativos de todos os alunos,
sublinho todos os alunos, promovendo níveis de literacia digital imprescindíveis
ao desenvolvimento.
Parece claro, felizmente, que o confinamento poderá durar
menos tempo que o verificado no ano passado. No entanto, mesmo num cenário mais
optimista os efeitos negativos para muitos alunos acontecerão e de novo se coloca
a questão do planeamento.
Como receberemos os alunos no regresso, como avaliar “danos”,
como desenvolver apoios, com que recursos e orientações poderemos religar miúdos que, mais
uma vez, ficaram mais distantes da escola ou continuaram distantes da escola?
Poderemos ter de responder, era bom que assim fosse, dentro de poucas semanas
Pode ser necessário, mas não basta ajustar o calendário de aulas e o calendário de exames.
A ver vamos, como se diz no meu Alentejo.
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