Há muitos anos era frequente brincarmos com uma figuras coloridas muito cómicas que permaneciam sempre em pé. Empurrávamos, abanávamos, atirávamos as figuras das mais variadas formas e elas, desafiantes, persistentes e criativas continuavam sempre em pé.
Há já muito tempo que não me
cruzo com brinquedos deste tipo. Já não são deste tempo em que os brinquedos,
dizem, são bastante mais sofisticados e complexos.
No entanto, muitas vezes penso como existem miúdos e circunstâncias na vida de muitos miúdos que me recordam os sempre em pé. São miúdos que passam por circunstâncias de
vida muito complicadas, são objecto de maus tratos e mal-querer de variadas
naturezas e por parte de diferentes mãos, surpreendentemente mantêm-se de pé,
sempre em pé, embora, tragicamente, alguns não aguentem e se afundem.
Quando com mais atenção
escrutinamos essas circunstâncias de vida, por vezes inimagináveis de
violência, mais perplexos ficamos com a enorme capacidade desses miúdos de após
alguns tropeções, tal como os bonecos, continuar de pé. Chamam-lhes resilientes
e nem sempre compreendemos como e donde lhes vem essa capacidade de permanecer
sempre em pé.
É por isso que eu acho que os
Sempre em pé são algo de extraordinariamente complexo e sofisticado, os
brinquedos e os miúdos.
Os tempos que correm fazem apelo
a todas as capacidades que os miúdos possam ter e têm para se manterem “sempre
em pé”.
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