Leio no JN que escolas e autarquias terão recebido luz verde para lançar os concursos de vinculação de três mil auxiliares de educação.
O momento da comunicação deste processo coincide com o
debate aceso sobre a manutenção das escolas ou de que escolas e níveis de
ensino em modo presencial.
No contexto actual e independentemente do futuro próximo, o
aumento do número de auxiliares de educação sustentado na nova portaria que
estabelece os rácios que continua com alguns desajustamentos é importante.
No entanto, importa saber se estes números se reflectirão em
novos profissionais ou se servirão para vincular pessoas que já estão nas
escolas.
É também de considerar que o processo de contratação é
moroso, envolve escolas e autarquias e em algumas situações as escolas têm
referido escolhas com perfil inadequado à função prevista.
Vamos aguardar para ver.
Com bastante frequência aqui tenho referido o importante papel educativo que os auxiliares de educação, insisto na designação, desempenham para além das funções de outra
natureza que também assumem e que exige a adequação do seu efectivo, formação e
reconhecimento. No caso mais particular de alunos com necessidades educativas
especiais e em algumas situações de alunos em maio vulnerabilidade serão mesmo uma figura central no seu
bem-estar educativo, ou seja, são efectivamente auxiliares de acção educativa.
A situação que atravessamos potencia a importância do seu trabalho e da sua
presença em número suficiente, com estabilidade e formação.
Com frequência são elementos da comunidade próxima das
escolas o que lhes permite o desempenho informal de mediação entre famílias e
escola, têm uma informação útil nos processos educativos e uma proximidade com
os alunos que pode ser capitalizada importando que a sua acção seja orientada,
recebam formação e orientação e que se sintam úteis, valorizados e respeitados.
Os estudos mostram também que é nos recreios e noutros
espaços fora da sala de aula que se regista um número muito significativo de
episódios de bullying e de outros comportamentos socialmente desadequados.
Neste contexto, a existência de recursos suficientes para que a supervisão e
vigilância destes espaços seja presente e eficaz. Recordo que com muita
frequência temos a coexistir nos mesmos espaços educativos alunos com idades
bem diferentes o que pode constituir um factor de risco que a proximidade de
auxiliares de educação minimizará.
Considerando tudo isto parece essencial o contributo dos
auxiliares de educação para a qualidade dos processos educativos. Assim, é
imprescindível a sua presença em número suficiente, que se mantenham nas
escolas com estabilidade e que sejam formados, orientados e valorizados na sua
importante acção educativa.
Este discurso pode ficar comprometido em alguns aspectos pelo eventual
encerramento das escolas ou de algumas escolas, mas, na essência, as questões
mantêm-se e hão-de manter-se.
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