quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

MAIS TRÊS MIL AUXILIARES DE EDUCAÇÃO. SERÁ?

 Leio no JN que escolas e autarquias terão recebido luz verde para lançar os concursos de vinculação de três mil auxiliares de educação.

O momento da comunicação deste processo coincide com o debate aceso sobre a manutenção das escolas ou de que escolas e níveis de ensino em modo presencial.

No contexto actual e independentemente do futuro próximo, o aumento do número de auxiliares de educação sustentado na nova portaria que estabelece os rácios que continua com alguns desajustamentos é importante.

No entanto, importa saber se estes números se reflectirão em novos profissionais ou se servirão para vincular pessoas que já estão nas escolas.

É também de considerar que o processo de contratação é moroso, envolve escolas e autarquias e em algumas situações as escolas têm referido escolhas com perfil inadequado à função prevista.

Vamos aguardar para ver.

Com bastante frequência aqui tenho referido o importante papel educativo que os auxiliares de educação, insisto na designação, desempenham para além das funções de outra natureza que também assumem e que exige a adequação do seu efectivo, formação e reconhecimento. No caso mais particular de alunos com necessidades educativas especiais e em algumas situações de alunos em maio vulnerabilidade serão mesmo uma figura central no seu bem-estar educativo, ou seja, são efectivamente auxiliares de acção educativa. A situação que atravessamos potencia a importância do seu trabalho e da sua presença em número suficiente, com estabilidade e formação.

Com frequência são elementos da comunidade próxima das escolas o que lhes permite o desempenho informal de mediação entre famílias e escola, têm uma informação útil nos processos educativos e uma proximidade com os alunos que pode ser capitalizada importando que a sua acção seja orientada, recebam formação e orientação e que se sintam úteis, valorizados e respeitados.

Os estudos mostram também que é nos recreios e noutros espaços fora da sala de aula que se regista um número muito significativo de episódios de bullying e de outros comportamentos socialmente desadequados. Neste contexto, a existência de recursos suficientes para que a supervisão e vigilância destes espaços seja presente e eficaz. Recordo que com muita frequência temos a coexistir nos mesmos espaços educativos alunos com idades bem diferentes o que pode constituir um factor de risco que a proximidade de auxiliares de educação minimizará.

Considerando tudo isto parece essencial o contributo dos auxiliares de educação para a qualidade dos processos educativos. Assim, é imprescindível a sua presença em número suficiente, que se mantenham nas escolas com estabilidade e que sejam formados, orientados e valorizados na sua importante acção educativa.

Este discurso pode ficar comprometido em alguns aspectos pelo eventual encerramento das escolas ou de algumas escolas, mas, na essência, as questões mantêm-se e hão-de manter-se.

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