Aguardava com alguma expectativa o anúncio das novas medidas de restrição das condições em vigor no actual estado de emergência.
Do que foi anunciado releva a manutenção das escolas em
funcionamento mantendo-se também abertos os ATL para crianças até aos 12 anos.
Desde o confinamento de Março de 2020 que a questão das
implicações do encerramento das escolas tem permanecido na agenda. Recordo
ainda que nessa altura, o conhecimento sobre a pandemia e o volume casos era
substancialmente diferente, a situação actual é significativamente diferente e
os números da pandemia são assustadores.
Neste contexto, o que se sabe sobre a pandemia e sobre o número e a tipologia dos casos, tenho alguma dificuldade em entender em que se mantenham
abertas todas escolas e não uma decisão diferenciada considerando,
justamente, o que se conhece actualmente e a avaliação do confinamento anterior. Posso entender os discursos de representantes dos pais e encarregados de educação e de alguns directores, mas creio que são discursos mais de convicção que não parecem sustentados no universo das escolas onde se registam situações muito complicadas que vão sendo conhecidas, apesar do ME insistir na não divulgação dos dados das escolas e agrupamentos em matéria de pandemia.
Sempre entendi, do ponto de vista da educação, que para os
alunos mais novos,1º ciclo e eventualmente 2º ciclo, o encerramento deveria
acontecer em situação verdadeiramente excepcional que, poderemos estar, perto
de atingir.
No que respeita ao 3º ciclo, ensino secundário e ensino
superior, parece-me estranha a sua manutenção em modo presencial das variáveis
relativas a escolas e aos alunos, autonomia e competências sendo, naturamente de considerar como ficou claro a partir de Março de 2020 a situação de alunos com necessidades especiais.
A passagem destes ciclos e níveis de ensino para o modo digital,
ainda não lhe chamo à distância, ou misto, aliviaria as escolas e a comunidade de
um número vastíssimo de contactos, quer nas comunidades escolares, quer em deslocação,
quer em contextos sociais mais alargados. Alunos e famílias veriam certamente reduzidas as oportunidades de contacto e as escolas
teriam outra possibilidade de gestão de recursos. Não esqueço o incumprimento da
prometida dotação de escolas e alunos de equipamentos e acessibilidade em
matéria digital e, portanto, das dificuldades de muitas escolas para assegurar com
alguma qualidade regimes não presenciais. Este facto poderá ser, aliás, uma das
razões para a decisão de manter abertas todas escolas.
Ainda ontem numa conversa com um@ director@ de um agrupamento
vi justamente defendido este entendimento, 3º ciclo e secundário, encerrados ou
em regime misto, com forte autonomia das escolas para a tomada de decisão com a
cobertura da decisão do ME.
Acresce que um eventual encerramento, que já deveria ter
sido decidido há uns dias, não teria, seguramente, os mesmos contornos do que ocorreu
em meados de Março de 2020 e que durou até ao fim do ano lectivo, com excepção
do 12º ano e do 11º visando a preparação para os exames.
Com base no que se sabe e é possível prever, os especialistas
apontam nesse sentido, o período de confinamento seria bem mais curto, seis
semanas permitiriam contribuir para uma situação mais positiva e controlada e o
tempo remanescente até final do ano lectivo também possibilitaria algum tempo
de recuperação.
Como também tenho dito, não é fácil um processo de tomada de
decisão em circunstâncias tão complexas e com tantas implicações. No entanto,
importa decidir e avaliar o impacto da decisão.
Neste caso, parece-me estarmos a correr riscos que poderiam
ser minimizados e a avaliação do custo-benefício resultar em algo de muito
negativo.
Quero ser optimista, mas temo que se vier a ser necessário decidir pelo encerramento, os custos serão muito mais elevados pelo tempo que passou.
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