Ontem, mais de três meses depois, voltei a entrar numa sala
de aula. Duas horas de seminário com um grupo de alunos candidatos ao ensino
superior.
Não há volta a dar. Continuo com uma enorme dificuldade em entender o ensino à distância
como uma alternativa a não ser em contextos e modelos específicos e para ofertas
formativas também específicas.
O ensino à distância, quando de facto é ensino à distância e
não aulas através de um suporte digital, disponibiliza um conjunto enorme e importante
de ferramentas, mas, num quadro global dos sistemas de ensino, do básico ao
superior, não substitui o ensino presencial.
Como é óbvio, também sei que o ser presencial não garante,
só por si, qualidade no ensino e na aprendizagem. A qualidade nos processos educativas é uma matéria
complexa e associada a múltiplas variáveis.
Neste quadro preocupa-me a possibilidade da continuidade do
ensino à distância, sobretudo se for nos moldes em que tem sido apesar de boas
práticas conhecidas.
No ensino básico e secundário os riscos de afastamento de
muitos alunos e do risco de exclusão e insucesso são significativos e importa definir
os dispositivos de apoio e recuperação adequados. Parece também necessário
reflectir sobre os recursos, as metodologias, a gestão curricular, os
dispositivos de avaliação, etc. O tempo é curto.
No ensino superior inquieta-me a eventual tentação de substituir o ensino presencial por más práticas de ensino à distância com objectivos nem sempre muito claros, mas em nome da mudança e inovação.
A verdade é que ontem, apesar do desconforto das máscaras,
voltei à sala de aula. Gostei, soube a pouco.
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