Gostei de ler e merece reflexão o
texto de Mariana Gaio Alves no Público, “Vírus no ensino superior”.
A tentação que parece emergente
de diminuição significativa das aulas presenciais no ensino superior substituindo-as por ensino
não presencial com o apoio de ferramentas digitais ou a diminuição de cargas horárias nas actividades lectivas merece ser acompanhada e analisada com muita
prudência.
Da minha experiência e do que
conheço de muitas instituições de ensino superior a resposta de emergência que foi estruturada no contexto que atravessamos não é “ensino à distância”, longe
disso.
É evidente que, do meu ponto de
vista, é imprescindível integrar dispositivos de “ensino à distância” no
contexto dos processos de formação no ensino superior, acontece por cá, caso da
Universidade Aberta num quadro e modelos específicos, oferta também já presente noutras institições de ensino superior de forma mais integrada e noutros países com objectivos e recursos diferenciados.
Há algum tempo que se utiliza de forma mais ou menos regular suportes digitais para trabalho regular com grupos pequenos para orientação de
trabalhos e projectos, orientação de dissertações, seminários, conferências,
reuniões, etc, e são ferramentas extremamente potentes com grande capacidade
apoio e versatilidade.
No entanto e do meu ponto de
vista, continuo a entender como essenciais nos processos educativos incluindo
no ensino superior, a proximidade, a presença inteira, a comunicação e a
relação, o olhar e os gestos, etc.
No entanto e como escreve Maria
Gaio Alves, pode haver a tentação de “aproveitar
a rápida e adequada resposta dos docentes e das instituições à emergência
pandémica que se declarou em março para instalar, de forma perene, algo que
erradamente se designa de ensino à distância, em que se aumenta
exponencialmente o número de alunos por turma, se eliminam unidades
curriculares e se diminuem as horas de contacto entre estudantes e professores.”
Acresce, continuo a citar, que “Eliminar a possibilidade do encontro entre
professores e a diversidade de alunos que frequentam os cursos e as
instituições é uma opção que arrisca contribuir para o aumento do número dos
que desistem de frequentar as universidades e os politécnicos. E tal é
particularmente preocupante num país como Portugal, onde os níveis de
escolarização superior são ainda baixos por comparação com o que se verifica em
geral nos países europeus.”
Aguardemos os desenvolvimentos, mas importa estar atento.
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