Chamas-te Miguel não é?
Sou, tu és Carolina?
Não, sou Cristina.
É parecido, baralhei.
Estás a gostar da escola? Eu estou a achar fixe, só a
conhecia por fora. Os setôres que já conhecemos parecem fixes. Só conhecia os
colegas que vieram da minha escola. Temos um monte de livros novos, ainda tenho
que estar a olhar para o horário para saber arrumar a mochila. Bué da livros,
ando a vê-los com a minha mãe mas são muitos. A escola tem bué da salas e
coisas que a minha não tinha, o ginásio e a sala de computadores. Acho fixe e
tu também achas fixe?
Eu conheço bem a escola, conheço os setôres todos, sei quem
os que são fixes e os que são uma seca, já sei quais são os livros e que é que
se vai fazer com eles, não conheço os colegas todos, conheço mais pessoal no 6º
B. Não acho a escola assim tão fixe como tu dizes.
Mas como é já conheces isso tudo? As aulas só começaram há
poucos dias.
Eu já andei no 5º, chumbei e fiquei à mesma no 5º ano.
Parece tudo igual ao ano passado, uma seca bué da grande, vais ver.
Este improvável diálogo talvez pareça estar associado à, para ser simpático, enviesada discussão que se instalou sobre uma das mais persistentes características do nosso sistema educativo, os níveis elevados de retenção. A verdade é que não tem a ver, chumbar é sempre uma enorme oportunidade de descobrir uma experiência educativa nova e quase sempre bem-sucedida.
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