A elevada média de idades dos
docentes portugueses associada a níveis elevados de exaustão e stresse
profissional comprovados por diversos estudos, a que acresce a instabilidade
das políticas públicas de educação estará certamente ligada à questão que
talvez seja a mais frequentemente formulada no pouco tempo que os docentes dispõem
para passar na “sala de professores”, “quanto é que te falta para a reforma?”
Este cenário começa a traduzir-se
num movimento reformista extraordinariamente significativo. Lê-se no Público
que 2019 será o ano depois de 2014 em que mais professores se irão reformar e o
Ministério das Finanças antecipa que até 2023 se reformarão 12.329 professores.
Percebem-se assim as dificuldades
crescentes nas escolas resultantes da falta de docentes, já significativa em
alguns grupos e níveis de ensino, agravadas pela tempestade perfeita associada
a horários incompletos, a necessidade de deslocação e rendas incomportáveis
para o salário disponível.
Talvez comecemos a perceber que a
narrativa tão “vendida” dos professores a mais talvez não fosse tão evidente e
que, como sempre em educação, também as contas sobre o número de professores
necessários ao sistema nunca dão certo.
O problema é que muito pelo
contributo de opinadores e por efeitos de algumas das políticas públicas em
matéria de educação a profissão de professor perdeu capacidade de atracção.
Seria desejável que não nos
esquecêssemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os
sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.
Não parece difícil perceber
porquê.
Ainda não parece ser desta que um
ímpeto reformista na educação vá correr bem.
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