Não há volta a dar. O mundo da educação é um mundo de
sobressaltos.
Para além das questões que todos os dias merecem atenção
hoje temos o encerramento de escolas e agrupamentos devido à greve dos
auxiliares de educação.
Relativamente à presença destes profissionais, a rotina
dos últimos tempos tem sido escolas fechadas por falta de auxiliares de
educação ou agrupamentos com escolas a funcionar em regime de rotatividade pelo
mesmo motivo.
Como já aqui escrevi ainda não há muito tempo não consigo
perceber que isto possa ser uma questão de finanças, é mesmo uma questão de
incompetência e insensibilidade em matéria de políticas públicas. Tiago
Rodrigues não tem porta-moedas e Mário Centeno não consegue perceber que um
Excel com contas certas não garante qualidade na educação o que, prazo, …
compromete as contas certas por comprometer o desenvolvimento e António Costa
não lida com pormenores irritantes. A falta de auxiliares resulta da
insuficiência de recursos e da elevada taxa de baixas médicas decorrente
(também) das exigências acrescidas pela ... falta de recursos
Vou repetir-me, mas nunca é demais enfatizar o papel
essencial que estes profissionais desempenham nas escolas e a necessidade de
rácios adequados, qualificação, segurança e carreira que minimizem problemas
que têm vindo a ser regularmente colocados por pais, professores e directores.
Seria desejável que a gestão desta matéria considerasse as
especificidades das comunidades educativas e não se seguissem critérios cegos
de natureza administrativa que são parte do problema e não parte da solução.
Para além da variável óbvia, número de alunos, é necessário
que se contemplem critérios como tipologia das escolas, ou seja, o número de
pavilhões, a existência de cantinas, bares e bibliotecas e a extensão dos
recreios ou a frequência de alunos com necessidades especiais.
Mais uma vez, os auxiliares de educação, insisto na designação,
desempenham e devem desempenhar um importante papel educativo para além das
funções de outra natureza que também assumem e que exige a adequação do seu
efectivo, formação e reconhecimento. No caso mais particular de alunos com
necessidades educativas especiais e em algumas situações serão mesmo uma figura
central no seu bem-estar educativo, ou seja, são efectivamente auxiliares de
acção educativa.
A excessiva concentração de alunos em centros educativos ou
escolas de maiores dimensões não tem sido acompanhada pelo ajustamento adequado
do número de auxiliares de educação. Aliás, é justamente, também por isto,
poupança nos recursos humanos, que a reorganização da rede, ainda que
necessária, tem sido feita com sobressaltos e com a criação de problemas.
Os auxiliares educativos cumprem por várias razões um papel
fundamental nas comunidades educativas que nem sempre é valorizado incluindo na
estabilidade da sua contratação e formação.
Com frequência são elementos da comunidade próxima das
escolas o que lhes permite o desempenho informal de mediação entre famílias e
escola, têm uma informação útil nos processos educativos e uma proximidade com
os alunos que pode ser capitalizada importando que a sua acção seja orientada,
recebam formação e orientação e que se sintam úteis, valorizados e respeitados.
Os estudos mostram também que é nos recreios e noutros
espaços fora da sala de aula que se regista um número muito significativo de
episódios de bullying e de outros comportamentos socialmente desadequados.
Neste contexto, a existência de recursos suficientes para que a supervisão e
vigilância destes espaços seja presente e eficaz. Recordo que com muita
frequência temos a coexistir nos mesmos espaços educativos alunos com idades
bem diferentes o que pode constituir um factor de risco que a proximidade de
auxiliares de educação minimizará.
Considerando tudo isto parece essencial o contributo dos auxiliares de educação para
a qualidade dos processos educativos. Assim, é imprescindível a sua presença em número suficiente, que se mantenham nas escolas com estabilidade e que
sejam formados, orientados e valorizados na sua importante acção educativa.
Qual será a parte que não se compreende?
A falta de auxiliares de educação, evidentemente.
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