Um dia de sábado dedicado à limpeza
das oliveiras. A terra, felizmente, está carregada de água, não dá para a
trabalhar, os alhos que terão que esperar uns dias para irem para a terra.
Assim, sempre com a companhia do Mestre Zé Marrafa e colaboração indispensável mas barulhenta das motosserras
e do tractor cá andamos.
Sempre que olho para as
oliveiras, árvores que considero das mais bonitas, especialmente aquelas com
muitos séculos como algumas aqui do Monte e que são dos tempos em que os
mercados eram uma feira e não uns deuses, que já levam um tronco que dois
homens não abraçam, admiro a sua generosidade.
Começam por dar as azeitonas que
se comem em três variantes, pisadas, retalhadas e de conserva, qual delas a
mais saborosa, este ano as pisadas e retalhadas que já estamos a consumir ficaram que nem
vos conto. Toda a gente tem uma arte de as temperar e, claro, nós também já temos
os segredos, aprendemos com o Mestre Marrafa.
As azeitonas vão para o lagar e
virá o azeite, a alma do comer bom, e como tem alma o azeite do Meu Alentejo.
Para além da azeitona e do
azeite, a oliveira ainda é a mais calorosa das árvores, sempre a aquecer-nos.
Aquece-nos quando maldosamente lhe batemos, varejamos, para nos dar a azeitona,
aquece-nos quando a limpamos de pés de burro e cortamos os ramos e troncos para
assegurar a sua renovação, aquece-nos quando rachamos e arrumamos a lenha que
nos deu e, finalmente, ainda nos aquece quando nas noites longas e frias do
Inverno arde no lume de chão ou na salamandra.
Como bondade final, esta generosa
capacidade de dar vive numa escala incomensurável para nós, dura séculos.
São tão bonitas e generosas as
oliveiras.
São também assim os dias do
Alentejo, vamos à lida.
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