Sucedem-se os episódios que
sustentam a necessidade de uma atenção urgente, aprofundada e com consequências
ao nível da acção relativamente a episódios de agressão nos contextos escolares, física ou de outra
natureza, envolvendo alunos, docentes, técnicos e
auxiliares e, algumas vezes, com a participação de pais ou encarregados de
educação.
O volume de episódios é
dificilmente avaliável pois apesar do número de registos parecer diminuir
sabe-se que por diferentes razões boa parte dos casos não é reportada.
Como ainda há pouco tempo aqui escrevi, tendo consciência dos problemas e da sua gravidade, também entendo que
as escolas, não são o inferno e para além dos problemas inerentes aos processos
e contextos educativos a escola é segura para a generalidade dos que nela
diariamente convivem.
Parece-me também claro que os tempos são
de natureza crispada nas relações, pouco regulados na convivialidade e contaminados
por intolerância(s), com focos preocupantes de conflitualidade, caso da
violência doméstica, por exemplo. É reconhecido que a
escola pública espelha de alguma forma os contextos em que se inscreve.
No entanto, também sabemos que só
a educação, só processos educativos de qualidade promovem desenvolvimento de
competências e saberes escolares e profissionais mas também a formação pessoal
considerando valores, atitudes e comportamentos.
Neste sentido, a defesa
intransigente de políticas públicas de educação, traduzidas na defesa da escola
pública é indispensável.
Sem hierarquizar ou esgotar umas notas alguns aspectos que julgo essenciais e de que aqui vou falando.
Importa valorizar
profissionalmente e socialmente os professores e a sua acção. Isto não se
promove com retórica nem por decreto, mas através de discursos positivos em
torno do estatuto social dos docentes, de não “desprofissionalizar” os docentes,
de valorizar carreiras e condições de exercício, de desenhar dispositivos de
apoio e colaboração a e entre docentes.
Promoção de competência e regulação
das direcções de agrupamentos e escolas. O modelo unipessoal tem vários riscos
e sabe-se como lideranças competentes promovem modelos partilhados de
liderança. Lideranças partilhadas e competentes sustentam climas institucionais
mais positivos mais regulados com impacto nas relações e comportamentos de
todos os actores, incluindo pais e encarregados de educação.
Importa que as escolas tenham
recursos e apoios para programas de mediação e tutoria com condições de
sucesso. Estes modelos de trabalho desde que dotados dos recursos necessários
são ferramentas comprovadas de promoção do desempenho escolar e do
comportamento socialmente adequado.
Sabemos que a autoridade dos
professores não se estabelece por decreto mas promove-se no apoio que lhes é
prestado, na insistente valorização do seu trabalho, na recusa da impunidade e
ligeireza ou mesmo no anonimato a que muitos episódios são votados. Não pode
alimentar-se um sentimento de impunidade que incrementa comportamentos.
Importa que os auxiliares de
educação estejam nos espaços escolares em número suficiente, que sejam
valorizados e apoiados com formação para um trabalho muito importante na
promoção de comportamentos adequados nos contextos escolares.
Que as escolas e agrupamentos
possam integrar projectos de natureza comunitária que valorizem a acção e o
papel da escola, dos professores e importância futura do trabalho desenvolvido
por todos. Esta é uma dimensão em que as autarquias e outras estruturas poderão
ter uma acção importante.
Como é evidente trata-se de uma
matéria complexa com implicações que envolvendo a escola está para além da
escola.
No entanto, repetindo ou mudamos
e melhoramos pela educação ou … dificilmente lá chegaremos. Ao futuro de gente
de bem.
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