Passam este ano, neste dia 9 de
Novembro, 30 anos da queda do muro de Berlim, um evento que se inscreveu na
história europeia e mundial. Na altura todos pensámos que se abriam novos
caminhos.
Mas não, actualmente, os muros são
mais numerosos, altos e extensos. Na Europa e noutras paragens assiste-se sem
grandes sobressaltos das suas lideranças à proliferação da construção de muros de
betão e barreiras de arame farpado alimentando a vida de terror e drama de
muitos milhares de pessoas a viver num inferno que, também, foi ateado pela
incompetência de decisões políticas dessas mesmas lideranças.
Talvez a relativa tranquilidade com
que se assiste à construção de muros e barreiras em diversos pontos acabe por
não ser estranha.
Eles também vão sendo construídos
nas nossas vidas conduzindo no limite à construção de "condomínios de um
homem só" rodeado de muros para que ninguém entre.
Estes muros são menos visíveis
mas não perdem eficácia.
Na verdade, existem muros que
transformam a vida de muitas crianças, jovens e adultos, sobretudo e como
sempre dos mais vulneráveis, numa permanente corrida de obstáculos em que são
atropelados alguns dos seus direitos.
Estes muros são constituídos, por
um lado, por dimensões mais tangíveis, falta de recursos
humanos e técnicos, barreiras físicas e acessibilidade, insuficiência de apoios
de natureza social, etc.
Por outro lado, boa parte deste
muro é constituído por dimensões de outra natureza, desvalorização dos
problemas das minorias, intolerância, o entendimento de que os direitos humanos
são de geometria variável e dependentes da conjuntura, ou seja, se existir mais
dinheiro, teremos mais direitos.
Muitas crianças, jovens e adultos
estão ou sentem-se excluídos ou “tolerados” num canto das suas comunidades e
são também eles refugiados de um quotidiano que os maltrata e é tantas vezes
insuportável.
As comunidades, mais do que a
mediocridade das suas lideranças, não podem deixar que estes muros se mantenham
e, mais grave, que se construam novos muros e barreiras.
Um dia, sem darmos conta, ao
querer olhar para o que está à nossa volta já não conseguimos, o muro com que
nos fecharam não o permite.
Aí talvez seja um pouco tarde.
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