sábado, 2 de novembro de 2019

DO ABSENTISMO E DO PRESENTISMO


Alexandra Leitão, recém-promovida a Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, afirmou em entrevista ao Público de ontem que no âmbito de uma intenção de valorização dos funcionários da administração pública serão criados incentivos à assiduidade como forma de combater a existência de níveis altos de absentismo.
Também me parece interessante a valorização dos funcionários mas tenho para mim que se seria mais importante perceber as razões para o eventual excesso de absentismo e das duas uma, ou é genericamente justificado e regulado e há que adequar os recursos dos serviços ou existe um nível significativo de absentismo mal justificado, baixas médicas fraudulentas e deve combater-se de forma eficiente.
Temo que criar incentivos à assiduidade, só por si, possa substituir o absentismo pelo “presentismo” que é uma característica da cultura de muitas organizações, públicos e privadas.
Dito de outra maneira, o funcionário, agora diz-se o colaborador e a colaboradora, deve estar presente no local de trabalho preferencialmente por períodos horários para além do que seria normal e desejável, mesmo que não esteja a fazer nada de relevante, mesmo que não seja necessário ou não esteja em condições e mesmo que a sua eficiência fosse superior se recorresse a outros modelos de organização do trabalho, tele-trabalho ou "home working", por exemplo. O importante é estar presente. Existem, naturalmente excepções que têm nomes interessantes como “isenção de horário”, situações que com frequência são atribuídas a quem gere e promove o “presentismo” dos colaboradores e colaboradoras.
Creio que boa parte de nós já passou por situações desta natureza.
A questão, está mais do que identificada, mais horas de trabalho não significa melhor trabalho.
Como é evidente estas notas não pretendem desvalorizar um eventual excesso em matéria de absentismo.

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