segunda-feira, 4 de novembro de 2019

"DESPROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE". SERÁ?


Gostava de estar enganado mas começo a inquietar-me com o risco de “desprofissionalização docente em Portugal. As actividades da Teach for All, algumas ideias contidas no Programa do Governo relativamente à carreira profissional e a timidez na promoção da autonomia das escolas associada aos efeitos da "municipalização” em curso suscitam alguma atenção.
Não é de agora e não começou por cá. Esta perpectiva tem vindo a fazer o seu percurso em diferentes sistemas tendo emergido na década de 80 sob a designação de “deskilling” promovendo uma visão em que os docentes cumprem ordens e programas, não têm que fazer escolhas, possuir conhecimento aprofundado, solidez nas metodologias, valores éticos e morais, etc. Seria suficiente uns burocratas a papaguear aulas para grupos de alunos "normalizados" com base num currículo prescritivo e no manual. Os professores serão basicamente “entregadores de conteúdos”, (content delivers na formulação original), outros burocratas a medir saberes ou a desvalorização da avaliação interna e externa e uns outros ainda a construir fórmulas de gestão num qualquer serviço centralizado ou com um modelo que apesar de “descentralizado” não atribui, de facto, autonomia robusta às escolas cujo modelo de governação é parte desta equação.
Este não pode ser o caminho. A “desprofissionalização” pode tornar os professores mais “baratos” mas o nosso futuro será mais caro por pior qualidade.
Definitivamente, todas as necessárias mudanças na educação só podem ocorrer e ser bem-sucedidas com o envolvimento e valorização dos professores, das suas competências mas também, naturalmente, com a sua avaliação.

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