Gostava de estar enganado mas começo a inquietar-me com o risco de “desprofissionalização docente em Portugal. As
actividades da Teach for All, algumas ideias contidas no Programa do Governo
relativamente à carreira profissional e a timidez na promoção da autonomia das escolas
associada aos efeitos da "municipalização” em curso suscitam alguma atenção.
Não é de agora e não começou por cá. Esta perpectiva tem
vindo a fazer o seu percurso em diferentes sistemas tendo emergido na década de
80 sob a designação de “deskilling” promovendo uma visão em que os docentes
cumprem ordens e programas, não têm que fazer escolhas, possuir conhecimento
aprofundado, solidez nas metodologias, valores éticos e morais, etc. Seria
suficiente uns burocratas a papaguear aulas para grupos de alunos
"normalizados" com base num currículo prescritivo e no manual. Os
professores serão basicamente “entregadores de conteúdos”, (content delivers na
formulação original), outros burocratas a medir saberes ou a desvalorização da
avaliação interna e externa e uns outros ainda a construir fórmulas de gestão
num qualquer serviço centralizado ou com um modelo que apesar de “descentralizado”
não atribui, de facto, autonomia robusta às escolas cujo modelo de governação é
parte desta equação.
Este não pode ser o caminho. A
“desprofissionalização” pode tornar os professores mais “baratos” mas o nosso
futuro será mais caro por pior qualidade.
Definitivamente, todas as
necessárias mudanças na educação só podem ocorrer e ser bem-sucedidas com o
envolvimento e valorização dos professores, das suas competências mas também,
naturalmente, com a sua avaliação.
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