domingo, 7 de abril de 2019

IMPERMEÁVEL E RESPIRÁVEL


Dado que este fim-de-semana não foi lá para os lados do Alentejo e como procuro fazer todos os dias que posso, saí cedinho para minha caminhada, o tempo da corrida acabou há três anos, a coluna já não é o que era mesmo depois da cirurgia.
Estava ainda uma chuvinha leve abençoada nestes tempos feios de seca. Não resolve se não passar disto mas ainda assim alegra.
Apesar de ser daquela chuva que dizem que só molha tolos a minha auto-estima treme porque acho que molha mesmo.
Acontece que certamente, com custos ambientais, inventaram umas fibras que sendo praticamente impermeáveis se mantêm respiráveis e que nos permitiram dispensar aqueles casacos mais clássicos em nylon que quando não metiam água da chuva por fora, nos deixavam encharcados por dentro devido ao efeito de sauna.
Satisfeito com esta cómoda solução têxtil e embalado pelo passo lento, lembrei-me de repente como seria interessante que se inventasse uma forma de proteger a vida dos miúdos das intempéries que alguns deles têm à volta e tornar a vida um pouco mais confortável. Poderia ser criado um dispositivo de protecção que fosse quase impermeável às agruras dos tempos maus, protegendo-os das mais pesadas pois também é preciso passar por algumas e que, ao mesmo tempo, fosse respirável, ou seja, não fosse um dispositivo que os mantivesse numa redoma estanque e os asfixiasse, mas sim algo que lhes permitisse continuar a respirar, a viver. Um dispositivo desta natureza seria um bem precioso.
Mas esta é uma ideia completamente disparatada que seguramente foi motivada pela água que entretanto fui apanhando na cabeça. Quem me mandou andar à chuva.

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