domingo, 14 de abril de 2019

A TERRA DOS MALABARISTAS


Era uma vez uma terra, aquela terra de que às vezes falo e onde acontecem coisas, em que havia muitos Malabaristas, bons Malabaristas.
Os Malabaristas daquela terra tinham-se especializado em várias artes dentro do malabarismo e existiam em todas as áreas de actividade.
Havia um grupo muito bom nos malabarismos com as palavras. É verdade, deixavam a gente espantada, os Malabaristas das Palavras pegavam nelas e davam-lhes tantas voltas que elas diziam uma coisa e passado pouco tempo já diziam outra, e logo depois significavam ainda outra coisa. Eram uns verdadeiros artistas com as palavras, faziam delas o que queriam para elas dizerem o que lhes apetecesse.
Havia também um grupo que fazia autênticos milagres com a verdade, com as verdades. As coisas nunca eram o que pareciam, os Malabaristas da Verdade, conseguiam que qualquer coisa que toda gente via de uma maneira fosse referida como sendo de outra. Algo que de manhã era verdade, nas mãos dos Malabaristas deixava de o ser e eles com as suas habilidades mostravam a verdade que entendiam e que depressa deixava de o ser substituída por outra verdade diferente.
Na terra dos Malabaristas também existia um conjunto de Malabaristas dos Números, verdadeiros artistas a manipular números. Quando toda a gente estava convencida que os números contavam uma história simples, os Malabaristas dos Números davam-lhes umas piruetas e os mesmos números contavam outra história ou então organizavam os número de forma a contar a história que os Malabaristas queriam contar. Eram mesmo bons a mexer nos números.
Os Malabaristas estavam tão convencidos da sua arte que se achavam reis daquela terra. Mas as gentes estavam mesmo fartas dos Malabaristas, de todos os Malabaristas daquela terra. Um dia os Malabaristas irão perceber.


PS - Qualquer eventual semelhança com cenários reais ... não é pura coincidência. Estou cansado de malabaristas.

2 comentários:

Alexandre disse...

Bom dia Professor José Morgado,
Uma analogia fantástica para a compreensão do mundo real que nos fazem entrar pelos olhos dentro.
Felizmente, no sossego do Monte que vamos conhecendo, os "malabaristas" não devem entrar... e "la détente" acontece.

Uma Páscoa Feliz

Alexandre

Zé Morgado disse...

Olá Alexandre, obrigado, Boa Páscoa também para si.