Quando acontece referir a
experiência que carrego digo que entrei com seis anos para a escola e nunca
mais saí deste universo.
Estes 58 anos em diferentes
funções e contextos têm-me permitido acompanhar o que tem sido a educação em
Portugal nas últimas décadas, o muito que mudou, o muito que está por fazer,
que de bom se faz e o que de mau não se consegue, não se quer ou não se pode corrigir.
São inúmeras as dificuldades e
constrangimentos que escolas, professores, directores, técnicos e auxiliares
sentem para tentar assegurar o direito à educação de qualidade para todas as
crianças desta terra.
Entretanto, li a entrevista do
Ministro da Educação ao EL PAÍS e senti que talvez tenha andado distraído. Mantém-se
a narrativa de … somos os melhores, somos um estudo de caso de sucesso, devem
aprender connosco, etc. Sim, é verdade e devemos reconhecer, temos resultados
importantes e significativos em algumas áreas mas temos imensos problemas.
Uma referência à área que melhor
conheço, a resposta educativa a alunos com necessidades educativas especiais,
sim, é intencional a manutenção da designação. Já cansa a referência aos 97.5%
de alunos assim considerados que estão nas escolas regulares o que mostra
quanto as nossas escolas e a nossa educação é inclusiva.
Sim, é verdade, em muitas escolas
se desenvolve trabalho que verdadeiramente promove inclusão em que os alunos
são gente com direitos, estão com os seus colegas, participam nas actividades
comuns da forma que conseguem e de acordo com as suas competências, capacidades e necessidades,
sentem que pertencem à comunidade que os acolhe e aprendem, sim, aprendem.
No entanto, muitos outros, a percentagem
que nunca se conhece, está colocados nas escolas mas não estão incluídos nem
integrados, estão entregados.
Como já tenho dito, é
incontornável, os políticos insistem em entender que a realidade é a projecção
dos seus desejos. Não, não é.
Uma Páscoa Feliz.
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