A fotografia de Yanela Sanchez a
chorar na fronteira dos EUA, a fotografia de Omran, 5 anos, em Alepo dentro de
uma ambulância em 2016 a fotografia de Aylan, três anos e também sírio, morto
numa praia turca, a fotografia de … deveriam ser motivo para que a gente que
manda no mundo não dormisse.
O pânico e a perplexidade
percebidos nesta miúda são um murro violento num mundo que não a soube proteger
nem alimentar um sonho.
Como já tenho escrito faltam
palavras para falar do horror e da barbaridade que vão acontecendo e cada vez
mais perto de nós.
A merda de lideranças actuais da
generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de
tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não
sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas
são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram
e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente
para toda a gente com um pouco de senso que tudo isto decorre de uma obscura
teia de interesses que flutuam com as circunstâncias em que se combate alguns
para depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder,
pelos diferentes poderes.
Crescem muros, morre gente
inocente, milhões de vidas destruídas, a barbaridade estende-se, o horror é
imenso e, por vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos,
evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos
sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam
confinadas nos epicentros.
Não existe terror mau e terror
bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo
mau, não existe democracia sem direitos humanos.
Como é possível que tal horror
aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas
palavras de circunstância?
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