segunda-feira, 12 de julho de 2010

OS MIÚDOS E AS PENAS

Às vezes quando me ponho a pensar num texto para partilhar convosco surgem algumas ideias que acabo por abandonar de tão estranhas me parecerem. Hoje, acho que estava nesse caminho mas resolvi deixar seguir a ideia.
Entre as muitas palavras da língua portuguesa que se podem ligar aos miúdos e à sua vida creio que "pena" é uma delas. Reparem em alguns exemplos apenas pela ordem da lembrança.
Existem muitos miúdos cuja vida é uma pena bem pesada. Foram a ela condenados sem perceber porquê, nela vivem sem alternativa e muitos a cumprem por largos anos.
"Que pena, se ele quisesse era bom aluno" é uma expressão dirigida a muitos miúdos que decorrente de algum mal-estar não aproveitam talentos e capacidades que possuem. É curioso que muitos de nós ficamos satisfeitos com a ideia de que "eles não querem" e nunca colocamos a questão sobre "porque será que eles não querem".
Muitos miúdos têm uma presença tão leve, quase invisível que são autênticas penas, qualquer corrente ou agitação os faz abanar. Muitas vezes, de tão frágeis são vítimas despercebidas e silenciosas. Por outro lado e felizmente, existem muitos miúdos para quem a vida, ela própria, tem a leveza de uma pena, tudo corre com serenidade.
Também não é raro que a nossa boa consciência nos leve a ter pena do que acontece aos miúdos sem que esgotemos a capacidade de o evitar. Resta a resignação contida em "faz pena mas que se há-de fazer, é o destino".
Pois é, bem me parecia. É uma ideia mesmo estranha, foi pena ter continuado.

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