A OCDE divulga que mais de metade dos jovens empregados até aos 24 anos têm empregos precários. Na mesma linha, há algum tempo, o Banco de Portugal referia que em cada dez empregos novos, nove são precários.
Deste cenário e dos números do desemprego, resulta que os mais novos à entrada no mercado de trabalho são os mais vulneráveis ao desemprego e à precariedade quando, apesar da dificuldades, acedem a algum emprego.
Parece-me ainda de registar, é primeira página do JN de hoje, os milhares de jovens que atravessam sérias dificuldades no pagamento das propinas dos cursos que frequentam no ensino superior, o que pode comprometer a sua conclusão ou arrastá-la no tempo.
Esta situação complexa e de difícil ultrapassagem tem, obviamente, sérias repercussões nos projectos de vida das gerações que estão a bater à porta da vida activa. Entre outras, contar-se-ão, os indicadores mostram-no, o retardar da saída de casa dos pais por dificuldade no acesso a condições de aquisição ou aluguer de habitação própria ou o adiar de projectos de paternidade e maternidade que por sua vez se repercutem no inverno demográfico que atravessamos e que é uma forte preocupação no que respeita à sustentabilidade dos sistemas sociais, a União Europeia já indicia a intenção de colocar a reforma nos 70 anos.
No entanto, um efeito muito significativo mas menos tangível desta precariedade no emprego, é a promoção de uma dimensão psicológica de precariedade face à própria vida no seu todo. Dito de outra maneira, pode instalar-se, está a instalar-se, uma desesperança que desmotiva e faz desistir da luta por um projecto de vida de que se não vislumbra saída motivadora e que recompense. Podemos estar perante as gerações perdidas de que há algum tempo se falava.
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