Desde pequeno que me lembro de ouvir recorrentemente referências à carestia da vida. Aliás, uma expressão como "isto é que vai uma carestia" rivalizava com uma referência ao tempo para início de conversa em qualquer circunstância de espera. Esta circunstância tem-se mantido apesar das oscilações da economia e dos rendimentos ao longo das últimas décadas.
Hoje entra em vigor o aumento do IVA que ocasionará uma subida generalizada de preços, afectando tanto o custo de bens essenciais como o de bens mais prescindíveis. Acresce que já em Junho se tinha verificado o aumento do IRS pelo que a vida da generalidade dos portugueses fica um pouco mais difícil, obrigando a aprimorar o bem conhecido número de contorcionismo e ginástica financeira que permita fazer o rendimento chegar para um mês.
Sabe-se que estamos mergulhados numa das maiores crises económicas, mas também somos capazes de perceber que as opções privilegiadas para a combater merecem discussão e reflexão sérias.
Aumentar receitas através dos impostos, designadamente o IVA, que sendo fácil e de rendimento imediato é o mais injusto pois afecta toda a gente e todos os bens, incluindo os imprescindíveis ou cortar nos apoios sociais, por exemplo na situação de desemprego, são medidas que claramente afectam sobretudo os mais vulneráveis e fragilizados.
Ser modesto e contido no combate à despesa inútil e ao desperdício mantendo em funcionamento centenas de entidades, empresas, institutos e outras estruturas que mais não servem de que um acolhimento bem pago de clientelas partidárias e de cujo encerramento o cidadão comum não sentiria falta, e que implicam uma despesa brutal no orçamento é uma opção que não se entende e parece dificilmente sustentável.
Isto é que vai uma carestia.
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