Um trabalho hoje divulgado no JN aborda uma questão que recorrentemente aqui tenho referido, a importância da qualificação das pessoas e a relação fortíssima entre a baixa qualificação e o risco de pobreza. Um indivíduo com apenas o básico corre um risco de pobreza 20 vezes superior ao de um indivíduo com um curso superior.
Esta questão é, por vezes, objecto de alguns discursos que creio de reflectir pois geram equívocos.
Um primeiro aspecto rende-se com a ideia afirmada e reafirmada de que quando se fala de formação e escola se refere um curso superior e lá vem a conhecida argumentação de que temos muitos jovens licenciados no desemprego. Acontece que, primeiro, eles não estão no desemprego por serem licenciados, estão no desemprego porque temos um mercado pouco desenvolvido e ainda insuficientemente exigente de mão de obra qualificada e estão no desemprego porque, por desresponsabilização da tutela, a oferta de formação do ensino superior é completamente enviesada distorcendo o equilíbrio entre a oferta e a procura.
Em segundo lugar, a questão central não é a necessidade de formação escolar de nível superior, é a necessidade qualificação profissional. Esta formação profissional pode ser de nível mais longo e aprofundado, superior por exemplo, ou de natureza mais curta, de nível médio e orientada para uma entrada mais cedo no mercado de trabalho.
Repetindo, o ponto essencial é, pois, a qualificação e não o nível escolar dessa qualificação. Neste sentido é necessário que o sistema disponibilize oferta diferenciada para que os alunos possam enveredar por caminhos diferentes mas sempre com a formação como objectivo último.
Finalmente, importa não esquecer a qualidade da formação. O responsável referido na peça do JN, o comissário Luís Capucha, desde que lida com o Programa Novas Oportunidades tende a confundir qualificação com certificação o que, obviamente, compondo as estatísticas, não é boa ideia.
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