O Governo decidiu conceder tolerância de ponto no dia 13 de Maio em todo o país, na tarde de 11 em Lisboa e na manhã de 14 no Porto sendo que as respectivas Câmaras também o vão fazer aos seus funcionários. Esta decisão decorre como é evidente da visita do Papa Bento XVI. Como é sabido, Portugal é constitucionalmente um estado laico, embora seja também é claro o peso que a Igreja Católica tem na sociedade portuguesa.
Neste quadro não se entende muito bem a decisão de umas mini-férias à Administração. Apesar dos argumentos relativos à laicidade me parecerem suficientes, creio que num país onde o mal-estar económico, político e social é visível, esta medida mais não é que uma espécie de rebuçado, "de ide arejar" para esquecer as agruras da vida.
Como também sabemos, muitos de nós temos com o trabalho uma relação ética que assenta no "um mal necessário" pois "nunca mais me sai o euromilhões para deixar de trabalhar" pelo que estas decisões são sempre bem vindas.
No entanto, neste cenário, medidas deste tipo, com evidentes impactos económicos negativos, a produtividade e competitividade são bandeiras sempre presentes nas discursos e nas preocupações, são uma manifestação, mais uma, de demagogia irresponsável.
O que entristece um pouco, é que os que beneficiarão da tolerância cristã vão ficar contentes e os que não forem abrangidos vão achar que a medida não é muito cristã, é injusta.
É pena, mas mesmo sem pão, desde que haja circo, estamos bem.
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