sábado, 17 de abril de 2010

NUVENS NEGRAS

Há alturas que tudo parece correr mal. O ambiente já andava suficientemente perturbado. A qualidade do clima da nossa vida comunitária parece ter batido no fundo e os seus mais significativos protagonistas, numa espécie de deriva suicidária, mostram-se decididos a que em cada dia tenhamos um novo episódio contributivo para essa degradação. No meio de tudo o que se vai sabendo nos diversos processos em desenvolvimento, incidentes como a troca de mimos entre Sócrates e Louçã não passam de um fait-divers sem significado (quase). É notável a forma como está a ser gerida a questão dos eticamente e moralmente inaceitáveis rendimentos dos gestores com a reafirmada defesa do deus mercado, exactamente a mesma atitude que subjaz a crise económica que atravessamos e que, mal se começa a vislumbrar a saída, logo se retomam os discursos e comportamentos que a provocaram, abandonando as promessas de mudança e reforma anunciadas quando se tornou necessário o dinheiro dos cidadãos para salvar o mercado.
A nuvem negra que actualmente paira sobre a Europa provocada pelo vulcão islandês pode, gostava de acreditar que não, ser uma premonição de um outro vulcão que pode entrar em erupção com consequências imprevisíveis. Refiro-me ao cansaço e à revolta dos cidadãos com as suas circunstâncias de vida que pode atingir proporções insustentáveis e com o risco de provocar nuvens mais negras do a que nestes dias defrontamos.
Oxalá me engane.

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