Não, não vou falar sobre nenhum dos vários conflitos armados que estão em desenvolvimento no planeta. Estou a referir-me à proclamação de Mário Nogueira em nome da Fenprof, “Se o Governo quer guerra, é guerra que vai ter”, que me deixou entre o perplexo e o preocupado.
Ao longo dos últimos anos, muitas vezes aqui tenho deixado expressa uma opinião clara e negativa sobre as incompetentes e incompreensíveis medidas de política educativa que o ME, sobretudo através da equipa de Maria de Lurdes Rodrigues, subscreveu de que foram expoentes alguns dos conteúdos do Estatuto da carreira docente e o modelo de avaliação. Também tenho referido o entendimento de que, apesar das razões que assistem aos professores, alguns dos discursos dos seus representantes contribuem seriamente para que o cidadão comum não tenha uma ideia clara da bondade das suas reclamações e seja permeável à manipulação política facilitando, assim, o desenvolvimento de uma imagem social desfavorável à classe de efeitos devastadores e com implicações sérias no trabalho dos professores.
Neste mais recente episódio, de novo, este cenário é montado. O Ministério acabou por entender que o modelo de avaliação que defendeu não tem sentido e deve ser mudado, mas entretanto o que foi feito com esse mau modelo tem consequências para os professores. No mínimo, é discutível este entendimento. No entanto, do meu ponto de vista, é também discutível, no mínimo, a proclamação de guerra de Mário Nogueira. O que a educação menos precisa é de guerra e de discursos que, apesar da bondade de algumas das razões, também radicam na luta político-partidária em que a educação se transformou. Pensarão o Ministério e o Secretário-geral da Fenprof no risco, óbvio, nos efeitos colaterais da “guerra que vão ter” e sobrarão, como sempre, para cima dos miúdos e das famílias?
Pode não ser muito popular este discurso mas tenho sempre alguma dificuldade na utilização do conceito de guerra justa e, tal como me expressei contra os discursos incendiários e eticamente delinquentes de figuras como o indescritível Valter Lemos, também me preocupa a guerra proclamada por Mário Nogueira. As palavras não passam de palavras mas têm sentido, o que lhes damos.
Sem comentários:
Enviar um comentário