terça-feira, 27 de abril de 2010

O DESPERDÍCIO NÃO RESPONSABILIZADO

Ainda sem conhecer a proposta de revisão do Estatuto do Aluno a discutir na Assembleia da República, umas notas sobre um dos aspectos cuja alteração está anunciada, as provas de recuperação realizadas devido a faltas dos alunos.
De entre algumas das disposições do Estatuto em vigor que justamente mereceram crítica, as provas de recuperação assumiram-se quase como um paradigma da acção política da anterior equipa do ME. Transmitiram um sinal público inaceitável, a irrelevância das faltas, ou seja, através de uma prova de recuperação, poder-se-ia proceder à limpeza das faltas. Promoveram ruído nas escolas porque devido a diferentes interpretações de um articulado confuso, emergiram práticas e entendimentos diferentes que não constituindo um problema em si mesmo, traduzem a deriva da acção. Criaram um conjunto de procedimentos e burocracias que dificultaram obviamente a acção dos professores com resultados que já na altura muita gente antecipava e denunciava como nulos e que a actual equipa vem reconhecer.
Ainda bem, pois, que desapareceram as provas de recuperação. Fica, no entanto, a questão de que consequências e ilações se devem retirar destes episódios. A arrogância incompetente que não permitia a discussão, a recusa de considerar outros ponto de vista e de entender que quando se faz mal o comportamento inteligente é corrigir, não é persistir, geraram desperdício não contabilizado mas de sérias consequências. A título de exemplo, podemos considerar o dano na atitude dos alunos e pais face à importância da assiduidade e o desperdício de tempo e de investimento dos professores e das escolas em procedimentos inúteis e errados mas onerosos em tempo e investimento. De qualquer forma nada disto servirá para responsabilizar quem decidiu e recusou alterar que, aliás, já foram devidamente premiados pelos serviços prestados.
E assim se vai cumprindo a política educativa em Portugal.

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